Rodovias paulistas têm redução recorde de mortes em acidentes
Queda de 21% nas vítimas neste ano em estradas concedidas repete tendência da capital paulista
Crise econômica, que reduziu fluxo de cargas, é fator contribuinte, embora insuficiente para explicar dados
As mortes em acidentes de trânsito caíram 21% nas principais rodovias de São Paulo nos primeiros oito meses deste ano –a maior diminuição em mais de uma década e meia e que repete tendência também verificada em ruas e avenidas da capital paulista.
A crise econômica, que levou à queda do fluxo de veículos pesados, é apontada por especialistas e pela Artesp (agência paulista de transportes) como um dos fatores contribuintes, embora insuficiente para explicar a dimensão dos resultados.
O balanço que abrange a malha concedida à iniciativa privada –que inclui 6.400 km entre as estradas mais movimentadas do Estado– aponta 572 mortes de janeiro a agosto, contra 722 no mesmo período do ano passado.
Segundo a Artesp, é a maior redução nas mortes desde que essas rodovias passaram a ser concedidas à iniciativa privada, em 1998.
No ano passado, as mortes no trânsito brasileiro já tinham caído 6% –embora os índices ainda sejam quase três vezes superiores ao de países desenvolvidos.
No primeiro semestre de 2015, as mortes na capital paulista baixaram 19% –a maior diminuição em dez anos.
Ela foi exaltada pela gestão Fernando Haddad (PT) como resultado de ações da prefeitura, incluindo a expansão da rede de ciclovias. Os número estaduais, no entanto, indicam que esse fenômeno não é localizado.
Estatísticas de boletins de ocorrência (que consideram mortes no local do acidente) também apontam queda de 16% nessas vítimas em agosto, ante igual mês de 2014.
MOVIMENTO
Os números de acidentes e de feridos nas estradas paulistas também caíram, embora de forma mais tímida –11%. Segundo especialistas, eles apontam que os acidentes ficaram menos graves.
O volume de veículos pesados nas rodovias concedidas caiu 5,5% neste ano –caminhões e ônibus costumam estar envolvidos em um terço dos acidentes, justamente os mais graves. O volume de leves subiu 1,2%, segundo a associação de concessionárias.
Paulo Guimarães, diretor técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária, diz que a menor quantidade de veículos em circulação pode interferir. "A redução de volume também impacta, porque acaba reduzindo os níveis de exposição a acidentes."
Além da crise econômica, diversos fatores podem ter contribuído para a redução recorde nas mortes, segundo a Artesp e especialistas.
Entre eles, a intensificação de campanhas de conscientização dos motoristas e a melhoria nos itens de segurança em estradas e veículos.
"Se as mortes caíram com mais intensidade do que os acidentes, quer dizer que aumentou a proteção dos motoristas e passageiros. E isso ocorre principalmente com uso do cinto de segurança", afirma Luiz Carlos Mantovani Néspoli, superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).
Segundo a Artesp, a principal ação de segurança adotada neste ano foi uma campanha para uso do cinto no banco de trás dos carros.
Carlos Alberto Ferraz Campos, gerente de segurança da agência, após a exibição de peças em rádios, TVs e distribuição de panfletos nos pedágios, os índices de uso subiram –de 56% em dezembro para 62% em agosto.
Ele também atribui a redução nas mortes a ações como a manutenção de pista e sinalização e equipes de socorro em caso de acidentes.
"É uma coisa que vem dando resultado e que vem se somando ao longo dos anos."