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Tivemos que pagar
dívidas dos orientais
do enviado à Alemanha
O alemão Josef Franke, aposentado, não se conforma.
Aos 75 anos, ele ainda se revolta quando fala dos gastos do governo alemão
com pensões para vítimas de guerra, migrantes russos e,
agora, com os moradores da antiga Alemanha Oriental.
Nós pagamos muito para o governo para termos direito à
aposentadoria. Mas parte do dinheiro é desviado para financiar
outros gastos, como as pensões para eslavos que estão chegando
ao país, diz Franke, que foi soldado na Segunda Guerra Mundial.
Há dez anos, Franke tentou fundar o Partido dos Empregados
para representar os alemães conservadores, que não concordam
com os benefícios sociais estendidos pelo governo a quem não
contribuiu com o pagamento de impostos.
Ex-diretor de uma empresa de venda de máquinas e equipamentos,
Franke representa o típico alemão que prosperou depois da
Segunda Guerra Mundial e se incomoda com os gastos gerados pela reunificação.
Se não tivesse ocorrido a reunificação, todos
os países do Leste Europeu teriam falido em dois anos, diz
o aposentado. Nós, da Alemanha Ocidental, tivemos que pagar
todas as dívidas da Alemanha Oriental.
Franke mora num apartamento próprio, avaliado em R$ 600 mil, na
bela região da Floresta Negra, colada à cidade de Stuttgart,
no sul do país.
Privilegiados
Além de ganhar mais de R$ 3.600,00 de pensão por mês,
recebe os rendimentos do dinheiro que economizou durante seus mais de
30 anos de trabalho.
Sua mulher, Hannelore, também é aposentada e trabalha ocasionalmente
como guia de turistas japoneses e norte-americanos.
Somos uma minoria privilegiada porque temos apartamento próprio
e uma boa aposentadoria. Com certeza, isso será bem mais difícil
para as próximas gerações, diz Franke.
Para o casal, a ameaça da queda de padrão de vida para seus
filhos é preocupante.
Desde o fim da guerra, eles se acostumaram só a ter perspectivas
cada vez melhores.
Em 1945, lembra Franke, cada alemão teve de recomeçar a
vida com pouco mais de R$ 50.
Ele foi colocado pelo governo num apartamento de desconhecidos porque
não havia casas para todos. O padrão de vida melhorou,
mas desde a unificação o desemprego cresceu muito e está
cada vez mais difícil viver bem, diz o aposentado.
(RICARDO GRINBAUM)
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