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'Aqui, o meu padrão
de vida melhorou'
do enviado à Alemanha
Cinco horas de viagem de trem garantiram à vendedora Cornélia
Kammerzing, 41, ultrapassar a invisível fronteira econômica
que separa duas realidades distintas na Alemanha. Em Frankfurt, ela leva
uma vida de trabalhadora do Primeiro Mundo.
Cornélia nasceu em Bauben, perto de Dresden, no extremo oriente
da Alemanha, perto da fronteira com a República Tcheca. Antes da
queda do comunismo, ela trabalhava como funcionária de uma creche
do Estado.
Quando o regime começou a ser desmontado, no início dos
anos 90, 90% dos funcionários públicos perderam seus empregos.
Entre eles, Cornélia. Seu marido, operário da construção
civil, também ficou desempregado.
Assim como 1 milhão de alemães orientais, Cornélia
e o marido decidiram arriscar uma nova vida em regiões mais ricas.
Em 1992, migraram para Frankfurt, que tem uma das taxas de desemprego
mais baixas do país.
Cornélia conseguiu emprego na Kaufhof, uma das maiores lojas de
departamentos do país, e seu marido passou a trabalhar num serviço
de assistência social. Em Bauben, eles ganhavam cerca de R$ 1.000
por mês e não encontravam produtos para comprar.
Quando morávamos em Bauben, fazíamos excursões
a Berlim para comprar bananas, abacaxis e outras frutas, lembra
ela.
Não sinto saudades da Alemanha Oriental. Aqui, meu padrão
de vida melhorou muito.
A única viagem para o exterior autorizada pelo governo era para
a Hungria. Mesmo assim, cada turista só tinha direito a levar o
equivalente a R$ 20, quantia insuficiente para se manter no país
por mais de um dia.
Hoje, Cornélia e o marido ganham, juntos, mais de R$ 6.000 por
mês, têm casa com jardim e carro na garagem. Viajam pelo menos
uma vez por ano com os dois filhos para a Grécia, a Tunísia
ou Mallorca, na Espanha.
Cornélia tem um padrão de vida típico de trabalhadores
de países desenvolvidos.
Seus amigos que ficaram em sua cidade natal parecem viver em país
subdesenvolvido. Em Bauben, dois em cada dez trabalhadores estão
sem emprego.
Antes, o governo colocava tudo pronto na sua porta, diz Cornélia.
Agora, as pessoas têm que ter iniciativa própria e
controlar o destino com as próprias mãos.
O problema é que a situação financeira da região
não ajuda uma virada radical. Sempre tem alguém abrindo
uma loja, mas o negócio não dá certo e fecha rapidamente
porque não circula dinheiro na cidade. (RG)
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