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Ex-comunistas se fortalecem
especial para a Folha, de Berlim
Um muro político também divide a Alemanha de hoje.
Enquanto no Oeste são os partidos tradicionais, como o Social-Democrata
(SPD) e a conservadora União Democrata Cristã (CDU), que
contam com o apoio do eleitorado, no Leste os ex-comunistas da antiga
Alemanha Oriental, hoje no Partido do Socialismo Democrático (PDS),
vêm se tornando uma das principais forças políticas
da região.
O PDS firmou-se, nas últimas eleições estaduais,
como o segundo maior partido do lado oriental. No mês passado, foi
a agremiação política que mais votos recebeu em Berlim
Oriental e, pela primeira vez, conseguiu eleger representantes para câmaras
distritais de Berlim Ocidental.
O sucesso do PDS agita a opinião pública. Ele é o
sucessor do SED, o partido único socialista que governava, com
métodos repressores, a antiga Alemanha Oriental. Alguns de seus
líderes respondem processos em que são acusados de colaboração
com a Stasi, o temido serviço secreto alemão oriental.
O Ocidente precisa reconhecer que 40 anos de comunismo marcaram intensamente
a sociedade alemã oriental, diz o jornalista Wolfgang
Templin, 50, um dos defensores dos direitos civis na antiga Alemanha Oriental.
Além de ser o único partido vindo da Alemanha Oriental,
o PDS parece atrair o voto de protesto. Se nos seus primeiros anos convenceu
sobretudo o eleitor alemão oriental _o mais atingido pelo desemprego_,
agora vem conquistando votos de ex-simpatizantes do SPD e dos Verde, há
um ano no governo do país.
Os alemães elegeram em 98 um governo rubro-verde, que pôs
fim à hegemonia de quase 16 anos da CDU, do então chanceler
Helmut Kohl. O pleito acabou elegendo o social-democrata Gerhard Schroeder
chanceler federal e levando ao poder uma nova geração: a
dos Verdes, partido pacifista e ecológico, nascido dos ex-rebeldes
da geração 68.
O SPD e os Verdes, porém, vêm despencando na simpatia do
eleitorado, que, como mostram os últimos pleitos estaduais, volta
a apoiar a CDU, além dos socialistas. Não faltam explicações
para a crise rubro-verde.
Além de não conseguir combater o desemprego (são
mais de 4 milhões os alemães sem trabalho) e de promover
cortes pouco populares em áreas sociais, o SPD se vê às
voltas com disputas sobre sua linha ideológica _a social-democrata
ou a neoliberal, defendida por Schroeder.
No poder, os Verdes também pouco avançam em questões
básicas de seu programa, como o fim das usinas atômicas do
país. Além disso, desde que apoiaram a guerra no Kosovo,
seus dirigentes enfrentam disputas internas com os pacifistas.
Os partidos de extrema direita parecem pouco ganhar com a crise rubro-verde.
Palco de brigas internas, eles vêm perdendo, para outros partidos,
os deputados que haviam elegido nos Estados da Saxônia-Anhalt e
de Brandemburgo.
(SILVIA BITTENCOURT)
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