São Paulo, domingo, 26 de dezembro de 1999




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HINDUÍSMO
Nacionalistas ganham poder na Índia

da Redação

A ascensão ao poder de nacionalistas hindus reflete o crescimento da influência extremista na Índia. Desde março de 98, 165 pessoas foram vítimas de atos de violência anticristã no país. Nas três décadas anteriores, a violência atingiu menos de 40 pessoas.
Católicos acusam o governo de não tomar medidas adequadas para impedir a violência. Segundo o arcebispo de Nova Déli, extremistas estupraram religiosas, queimaram Bíblias e destruíram escolas neste ano. Em janeiro último, um australiano e seus dois filhos foram mortos queimados enquanto dormiam no carro.
A visita do papa João Paulo 2º, em novembro, foi marcada pelo forte esquema de segurança e por protestos. Católicos são acusados de forçar a conversão de indianos; eles negam a acusação.
O hinduísmo, terceira maior religião do mundo, restringe-se quase que exclusivamente à Índia, que tem 1 bilhão de habitantes e locais sagrados como o rio Ganges e Benares (Varanasi).
Os hindus formam a maioria absoluta dos indianos (82% da população), enquanto 3% são cristãos e 11%, muçulmanos.
Para o hinduísmo, há milhares de deuses considerados aspectos diversos da divindade. A religião apresenta uma estrutura hierárquica de castas, que determina posições diferentes na sociedade. O sistema de castas foi abolido pela Constituição em 1949, mas ainda vigora em parte do país.
Atal B. Vajpayee, líder do partido Bharatiya Janata (BJP, nacionalista hindu), foi reeleito, em outubro, premiê da Índia.
Em maio de 98 (com o BJP no poder), a Índia fez cinco testes nucleares, reiniciando a corrida armamentista com o Paquistão, que respondeu com seis testes.
“Os não-hindus devem adotar a cultura e a língua dos hindus, aprender a respeitar e venerar a religião hindu. Não devem ter outro pensamento além da glorificação da raça e da cultura dos hindus... ou permanecer no país totalmente submissos à nação hindu, sem requerer nenhuma vantagem nem mesmo a condição de cidadão”, afirma M. S. Golwalkar, fundador da organização ultranacionalista Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS, Corpo Nacional de Voluntários).
A maioria dos integrantes do BJP é membro da RSS (criada em 1925), afirma o jornalista indiano Ishan Joshi, de Nova Déli.
Em 6 de dezembro de 1992, uma multidão destruiu uma mesquita em Ayodhya, vilarejo próximo a Nova Déli (capital). Nos choques sangrentos que sucederam ao ato e acirraram as desavenças islamo-hindus, mais de 2.000 morreram.
O objetivo seria “libertar” o local onde, segundo alguns religiosos (não há consenso), nasceu o deus Ram e onde ficava a mesquita, construída no século 16.
“O RSS sempre disse ser uma associação cultural. Mas, para mudar a sociedade, é preciso exercer uma ação política mais direta. Assim, ‘apadrinhou’ várias organizações”, como o BJP e o Vishwa Hindu Parishad (VHP, Conselho Mundial Hindu)”, diz o jornalista Rolf Gauffin. (PDF)

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