Crítica - Show
Rick Wakeman, cercado por teclados, ainda emociona fãs
O QUE O PÚBLICO QUERIA VER --E VIU-- ERA UM TECLADISTA ESPETACULAR
THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"Apesar da barriga proeminente de seu protagonista, um show de Rick Wakeman praticamente não envelhece. Quem foi ao Teatro Bradesco na segunda-feira (27) viu algo bem parecido com as apresentações do tecladista inglês no Brasil nos anos 1970, no auge de sua fama mundial.
Wakeman nunca dependeu de um vozeirão ou correu e saltitou pelo palco. Apenas fica ali, entrincheirado por teclados, deixando que sua música injete emoção na plateia.
Aos 65 anos, décadas depois de participar do grupo progressivo Yes, ainda lança discos sem parar, mas nada comparável a seus grandes álbuns "The Six Wives of Henry VIII" (1973), "Journey to the Centre of the Earth" (1974) e "The Myths and Legends of King Arthur and the Knights of the Round Table" (1975).
Todos tiveram faixas contempladas no show, aplaudidas com fervor por um público "tiozão". A banda é talentosa, apesar do anódino cantor Ashley Holt, mas Wakeman atrai todas as atenções.
Simpático, disparou piadas, mas o que público queria ver --e viu-- era um tecladista espetacular, insistindo em fazer ali, na hora, coisa que muito músico bom exibiria com ajuda de sons pré-gravados.
Repetiu várias vezes a pose clássica: braços abertos ao lado do corpo, cada mão tocando um teclado diferente. No lugar das antigas batas, usou uma capa brilhante, azul e dourada, mas, por baixo, a roupa mais trivial possível: tênis branco, calça de agasalho esportivo e camiseta surrada.
O músico desceu à plateia e passeou entre os fãs. Trouxe uma garota até o palco, e ela ficou segurando um teclado portátil, enquanto Wakeman tocava alguns solos. A assistente foi recompensada com beijos e abraços.
Wakeman fez um show impecável, em que mostrou estar de bem com a vida.
Para um jornalista que passou boa parte da adolescência escutando "Journey to the Centre of the Earth", a noite foi quase uma Disneylândia.