Crítica - Aventura
Longa reafirma estilo e vícios do diretor de 'Amélie Poulain'
Diretor de "Delicatessen" (1991) e "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" (2001), o francês Jean-Pierre Jeunet criou uma obra marcada por personagens excêntricos, ângulos de câmera inusitados, cenários rebuscados e uma queda pelo surrealismo.
No livro "O Mundo Explicado por T.S. Spivet" (2009), do americano Reif Larsen, o cineasta encontrou um material que se encaixa com seu estilo e realizou, na zona de conforto, seu segundo filme falado em inglês --17 anos depois do questionado "Alien - A Ressurreição".
"A Viagem Extraordinária" é a história de T.S. Spivet (Kyle Catlett), menino-prodígio do interior dos Estados Unidos apaixonado por ciências e marcado pela morte trágica do irmão gêmeo.
Ele é um desajustado em uma família de desajustados. A mãe (Helena Bonham Carter) só se preocupa com insetos, o pai (Callum Keith Rennie) é um caubói solitário e a irmã sonha ser Miss América.
Ao projetar uma máquina de movimento perpétuo, ele ganha um prêmio do Instituto Smithsonian e decide viajar a Washington para recebê-lo, sem avisar a família e sem contar aos organizadores que tem só dez anos.
A viagem pelas paisagens americanas permite a Jeunet demonstrar seu preciosismo visual, desta vez com um belo uso da profundidade do 3D. Mas não evita que as velhas limitações de sua obra voltem à tona.
Como em "Amélie Poulain", há uma pátina de sentimentalismo que recobre todo o material e impede que se alcancem os sentimentos verdadeiros que estão por baixo. Ou, em outras palavras, "A Viagem Extraordinária" é sabotado pelo excesso de fofura.