Crítica - Comédia
Regina Casé repete piadas em filme com humor irregular
O maior mérito de "Made in China" em relação à esmagadora maioria das comédias brasileiras contemporâneas é ser menos dependente da grosseria, do humor chulo.
Sem outro objetivo senão divertir, o primeiro longa de ficção de Estevão Ciavatta aposta no picaresco, nos mal-entendidos e atritos provocados pelo contraste entre a sobriedade chinesa e a exuberância tipicamente carioca.
Maior centro de comércio popular do Rio de Janeiro, o Saara, no centro da cidade, era tradicionalmente um reduto de lojistas árabes e judeus. Mas a chegada de imigrantes chineses --como acontece em muitos outros lugares em todo o Brasil--, com suas mercadorias baratíssimas, mudou a cara do lugar.
Francis (Regina Casé) é vendedora no bazar do libanês Seu Nazir (Otávio Augusto), que sofre com a concorrência feita pela loja do recém-chegado chinês Chao (Tony Lee).
Ao lado do colega e namorado Carlos Eduardo (Xande de Pilares), Francis tenta ajudar o patrão e resolve descobrir por que motivo Chao consegue vender a preços tão baixos. Mas a investigação não vai muito longe.
As dificuldades de comunicação e as diferenças culturais entre chineses e brasileiros rendem várias gags e situações cômicas de eficácia irregular. O preconceito e os lugares-comuns aparecem aqui e ali, mas o ritmo adequado da narração e o lado brincalhão e descompromissado da história acabam prevalecendo.
Regina Casé tem talento e carisma, compondo satisfatoriamente a expansiva e avoada Francis, mas a personagem é praticamente onipresente e demasiado verborrágica, tirando espaço de várias figuras secundárias. Além disso, algumas de suas piadas são repetidas umas tantas vezes.