Crítica - Documentário
Diretor recupera espontaneidade e singeleza das raízes do artista
"Brincante" e "Segundas Histórias" estabeleceram Antonio Nóbrega no teatro e na cidade de São Paulo nos anos 1990. A tal ponto que ele foi chamado a representar o Brasil no festival de Avignon, com um espetáculo grandioso intitulado "Pernambouc".
O que era pequeno, familiar e emocionante virou frevo para turistas, sufocando o artista num cartão postal. O diretor Walter Carvalho, ligado a Nóbrega desde aquele princípio, o redescobre com docudrama roteirizado a partir das mesmas peças, avançando pelas ruas de São Paulo.
Sua câmera o vê novamente além do regional. Reencontram-se a singeleza e a espontaneidade em personagens como João Sidurino e Tonheta.
O melhor de Nóbrega aparece no contraste com os corredores do metrô e, mais até, com o ponto de ônibus sob o Minhocão --e não em cenários neocoloniais. Quando a Paraíba do próprio Carvalho surge, nada tem de turística: é terra batida, estrada vazia.
O melhor aparece também na expressão franca de Rosane Almeida, parceira do artista, que segue convincente nas cenas românticas exageradas e na comédia.
Entram em cena a família, agregando ao ambiente de circo do filme, e os jovens discípulos do artista, dançando à noite sobre o mesmo Minhocão, que fica até bonito e vivo.