Crítica - Cinema/comédia
Dinâmica entre veterano e ator-mirim compensa clichês
"Um Santo Vizinho", novo filme com Bill Murray no papel principal, do tal vizinho, tem um grande trunfo, um pequeno trunfo e um amontoado de bobagens.
O grande é Bill Murray. O ator americano de 64 anos conta em seu currículo com clássicos contemporâneos como "Encontros e Desencontros" (2003), "Feitiço do Tempo" (1993) e "Os Caça-Fantasmas" (1984), além de quase todos de Wes Anderson ("O Grande Hotel Budapeste").
Quase nunca decepciona, mostra bom gosto na escolha dos trabalhos que faz, e sua presença em cena é sempre interessante. Nessa trama, ele é Vincent, um sujeito derrotado pela vida, que bebe, joga, xinga, deve para agiotas e transa com uma prostituta russa grávida (Naomi Watts). Mora no Brooklyn, em Nova York, num sobrado caindo aos pedaços.
Até que a casa ao lado, idêntica mas arrumadinha, recebe novos moradores: uma mãe que trabalha demais (Melissa McCarthy) e seu filho de oito anos, de quem Vincent passa a tomar conta desde a hora que sai da escola até a mãe dele chegar. Jaeden Lieberher, 11, o ator-mirim que interpreta o garoto, é o pequeno trunfo do filme.
A química entre os dois rende os melhores momentos, ainda que os clichês do roteiro, assim como a mão pesada do diretor, teimem em aparecer, claros demais para serem ignorados.
Não tem nenhuma surpresa. O título (em inglês "St. Vincent") entrega o final e os bons atores em papeis coadjuvantes --Chris O'Dowd como o professor-padre de uma escola católica e Terrence Howard como o gângster para quem Vincent deve dinheiro-- não atrapalham, mas também não ajudam.
Ainda assim, os momentos em que os dois atores estão juntos, sem interferência do resto do elenco ou das reviravoltas da trama, são deliciosos de ver.