Crítica - Cinema/Ficção Científica
Diretores de 'Matrix' criam algo constrangedor de tão medíocre
"O Destino de Júpiter", novo filme dos criadores da trilogia "Matrix", só tem chances de agradar se o público no cinema aceitar uma série de coisas improváveis.
É necessário acreditar em reencarnação, que Júpiter pode ser habitado por homens, que a humanidade não nasceu na Terra, que policiais podem ter asas e, o mais difícil de crer, que Channing Tatum e Mila Kunis são atores.
É muita coisa para resumir, mas eis uma tentativa. Mila é Júpiter, imigrante russa que trabalha como faxineira em Chicado. Um belo dia, aliens surgem tentando matá-la.
A moça é salva por Caine (Tatum), um guerreiro modificado com genes de lobo e cheio de armas malucas. Ele vai levá-la ao espaço, para entregá-la a três irmãos que são "donos da Terra".
Sim, a humanidade é só um bando de pessoas que foi "plantado" aqui e agora os donos vão fazer a "colheita", ou seja, matar todo mundo.
Júpiter entra nessa bagunça como a suposta reencarnação da mãe dos irmãos, assassinada há séculos --sim, eles vivem milhares de anos.
Eddie Redmayne, ator indicado este ano ao Oscar pelo filme "A Teoria de Tudo", aparece logo na primeira cena. Ele é o mais poderoso dos irmãos e atua com caras e boca insuportáveis.
O visual de tudo é ridículo --as naves se parecem com peixes ornamentais de aquário-- e exagerado, colorido.
Claro que o casal vai se apaixonar. Em várias situações, Júpiter está prestes a ser morta e Caine está longe, tendo de superar vários inimigos e percalços para salvá-la.
Isso é repetido tantas vezes que o filme fica definitivamente com cara de game. Um game ruim, que fique claro.
E o que é ruim pode sempre piorar. A conclusão é quase constrangedora. Até mesmo Tatum e Mila devem ter passado vergonha ao fazê-la.
Depois de 127 minutos de "O Destino de Júpiter", só falta os diretores anunciarem que se trata de mais uma trilogia. Nesse caso... Socorro!