Gloria Pires, 51
Gloria Pires e Adriana Esteves têm muito em comum. Começaram jovens na TV, logo viraram protagonistas e viveram muitas mocinhas, mas marcaram a dramaturgia com vilãs inesquecíveis.
A mesma ambição sem limites de Maria de Fátima (Gloria) em "Vale Tudo" vai mover a megera interpretada pela atriz em "Babilônia".
Beatriz Amaral Rangel será uma viúva negra, uma devoradora de homens, que conhece e odeia Inês (Adriana) desde a infância. Por saber que a colega não vale nada, prefere mantê-la por perto e sob controle. Uma será o espelho da maldade da outra.
Como foi o convite para viver Beatriz?
Gloria Pires - Encontrei o Gilberto [Braga, autor] em um aniversário do Sílvio de Abreu [autor] e ele me pediu se poderia me reservar para uma novela. Topei na hora.
Sem saber que se tratava da grande vilã da novela?
[risos] Sim, sem saber. É o Gilberto, como não confiar em um convite dele?
Quais as suas primeiras impressões da personagem?
É uma mulher egoísta, autocentrada, controversa. Beatriz tem desvios de caráter, mas não acho ela boa ou má. Ela tem conflitos, está no comando e é refém. Essa é a riqueza do ser humano e isso o Gilberto sabe colocar muito bem em suas novelas.
Você já está defendendo a sua megera na novela?
[risos] Estou, mas ela é tridimensional. Algumas coisas dela você questiona e até entende. É uma mulher real.
Você gosta de viver vilãs?
Fiz poucas antagonistas. Mas adorei rever "Vale Tudo". Quando soube que o canal Viva ia ser lançado, fiquei com medo. Pensei: "Envelheci, talvez não estivesse bem, vou me criticar". Mas não foi assim. É uma nostalgia boa. Quanto às vilãs, sim, a minha personagem é incrível. E tem um guarda-roupa sensacional [risos].
Beatriz anda bem vestida?
Ah, sim. Troquei 20 vezes de roupa em uma das primeiras gravações [risos].
O público gosta mais de vilãs?
Não sei se gosta mais. As heroínas também são amadas. Mas as vilãs parecem agir mais, levantam questionamentos, talvez por isso que se destaquem.
O público gosta mais de vilãs reais ou de bruxas malvadas?
Acho que personagens que se distanciam da realidade não são tão sedutoras.
Como está sendo trabalhar com a Adriana Esteves?
Estou adorando. A Adriana é dedicada, intensa. Nossas personagens viverão uma relação de amor e ódio. Beatriz manipula Inês e ao mesmo tempo precisa dela. É uma felicidade. E felicidade é combustível, não é?
Você viveu uma das malvadas favoritas, a Maria de Fátima de "Vale Tudo". Quais as suas vilãs prediletas nas novelas?
Odete Roitman ["Vale Tudo"], vivida por Beatriz Segall. Só ela poderia ter feito essa personagem tão sórdida e conflituosa. Também gosto muito da Yara Amaral [1936-88] em "Anos Dourados". Era uma atriz preciosa.