Estados Unidos alavancam recorde no mercado de arte
Relatório holandês mostra crescimento de 7% nas vendas no ano passado
Brasil, que há dois anos teve sessão dedicada no documento e equivalia a 1% das transações, está atrás da Suécia, com 0,6%
O mercado de arte cresceu 7% em 2014, alcançando um total de 51 bilhões de euros (R$ 169,4 bilhões), recorde histórico de crescimento no setor, segundo relatório divulgado pela Tefaf (The European Fine Art Foundation). A fundação organiza a feira Tefaf Maastricht entre os dias 13 e 22 na cidade holandesa.
Desde 2009, a economista especializada em artes Clare McAndrew realiza uma pesquisa sobre esse mercado, que há dois anos teve uma sessão especial sobre o Brasil.
Os valores de 2014 estão acima dos de 2007, um ano antes do desaquecimento global da economia, quando as vendas de arte alcançaram 48 bilhões de euros (R$ 159 bi). Segundo McAndrew, um dos motivos do fortalecimento do mercado de arte está no reaquecimento da economia americana.
"Os EUA tiveram uma ótima performance nos últimos três anos, com as vendas alcançando 19 bilhões de euros no ano passado (R$ 63 bi), um crescimento de 10%, o que refletiu no mercado em geral", afirma no relatório.
Com isso, o país se torna responsável por 39% das vendas, seguido por China e Reino Unido, ambos com 22%. Há dois anos, o Brasil representava 1%, mas agora sequer é citado, estando portanto atrás da Suécia, com 0,6%.
Uma das razões para o mercado brasileiro ser tão acanhado é a ausência de leilões de arte significativos no país. Os leilões alcançaram 24 bilhões de euros (R$ 80 bi) em vendas no ano passado, quase metade do valor global.
Essa é a principal razão para que a Inglaterra esteja em segundo lugar, já que as duas maiores casas, Christie's e Sotheby's, têm sedes no país.
O Brasil é citado no relatório na seção dedicada a importação e exportação de artes e antiguidades, com crescimento significativo em ambos. Em 2014, o país importou 42 milhões de euros (R$ 139 mi) --crescimento de 41%--, enquanto exportou 99 milhões de euros (R$ 328,52 mi), o que representa aumento de 179%, o maior valor entre todos os pesquisados.
É provável que esses dados tenham ocorrido graças à maior fiscalização da Receita Federal, que levou colecionadores e galeristas a evitarem operações ilegais.
O relatório aponta também os artistas que mais venderam em 2014, por período. Em arte moderna, Picasso é o primeiro, enquanto em arte contemporânea o posto é do norte-americano Andy Warhol.
Já a obra que alcançou maior preço em leilão foi a escultura "Chariot", de Alberto Giacometti, vendida por 80 milhões de euros (R$ 265,41 mi), quase o dobro de toda a importação de arte do Brasil no ano passado.