Depoimento
Em show em SP, tocou no escuro; era sobre-humano
Ornette Coleman era daqueles sobre-humanos como Picasso, James Brown, Crumb, Eduardo Coutinho, Lou Reed e Orson Welles, uma força revolucionária encarnada em uma pessoa que redefiniria forma e conteúdo de toda uma linguagem artística.
Sua musicalidade demolidora expandiu ainda mais os limites do jazz, que já haviam sido extrapolados por Miles Davis e John Coltrane --ele queria ir mais longe que os outros dois.
Em sua última apresentação no Brasil, quando tocou em 2010 no Sesc Pinheiros, ele pôde mostrar um pouco dessa força.
A luz elétrica acabou no meio de uma do disco "Dancing in Your Head" (justo qual!) e depois de alguns segundos em silêncio, ele e sua banda prosseguiram no escuro, criando um momento único para os presentes.
No fim do show, mesmo aos 80 anos, ele foi encontrar o público à beira do palco, dando autógrafos e cumprimentando todos até que o último saísse. Mais que um mestre, um guru.