Crítica cinema/drama
Grupo teatral Os Satyros faz obra de propostas que não se realizam
A solidão e a desumanização das metrópoles não chegam a ser questões surpreendentes. O grupo teatral Os Satyros, em seu primeiro trabalho para o cinema, revisita esses danos da modernidade que há muito assombram o imaginário paulistano.
O longa "Hipóteses para o Amor e a Verdade" transpõe um espetáculo que nasceu da pesquisa de tipos da região central da cidade, onde convivem criaturas da noite, a fauna do submundo e zumbis famintos de afeto.
A adaptação, com roteiro assinado por Ivam Cabral e realização de Rodolfo García Vázquez, enfoca os esforços para estabelecer conexões tênues, como a de um jovem que busca na internet quem o salve da compulsão ao suicídio.
Em chave menos trágica, e não menos patética, está outro jovem que convida uma garota de programa para acompanhá-lo nas férias. Outros personagens são faces do desespero e do abandono.
Essa insistência de que todos estamos condenados ao isolamento implica um problema narrativo ao filme, que hesita entre o painel complexo ou seguir personagens à deriva como esquetes agregados de modo aleatório.
Mas é o impulso de reduzir a multiplicidade a variações da incomunicabilidade que faz de "Hipóteses para o Amor e a Verdade" um filme de possibilidades fortes que não se realizam.
HIPÓTESES PARA O AMOR E A VERDADE
DIREÇÃO Rodolfo García Vázquez
ELENCO Ivam Cabral, Luiza Gottschalk, Nany People, Tiago Leal
PRODUÇÃO Brasil, 2014, 18 anos
QUANDO estreia nesta quinta (20)
AVALIAÇÃO regular