Festival De Toronto
Eleições da Bolívia viram comédia caricata
'Our Brand Is Crisis', com Sandra Bullock, tem produção do politizado George Clooney
A consagração do cinema de Venezuela, Argentina e, em menor grau, Brasil em Veneza não foi o único destaque latino no fim de semana cinematográfico. No Festival de Toronto, o filme "Our Brand Is Crisis", com Sandra Bullock no meio das eleições presidenciais da Bolívia, em 2002, foi exibido no sábado (12).
Apesar de baseado no documentário homônimo de Rachel Boynton, o longa ficcional de David Gordon Green ("Segurando as Pontas") pouco tem a ver com o original.
A premissa é a única coisa não alterada: o candidato da oligarquia boliviana contrata um grupo americano para tentar tirar os 20 pontos de vantagem que o candidato populista possui nas eleições.
É isso. Não há nomes verídicos ou situações tensas. É uma comédia caricata que certamente vai desagradar o povo boliviano, mas que pode funcionar no mercado estrangeiro, principalmente por causa de Sandra Bullock.
A atriz tomou o papel que seria de George Clooney, como uma consultora neurótica, competitiva e alcoólatra que passa a trabalhar para o candidato Castillo (o português Joaquim de Almeida), que seria a versão ficcional de Gonzalo Sánchez de Losada.
Surpreendentemente, não há muito debate político, considerando que Clooney e Grant Heslov são produtores (politizados) do longa e que o material original permaneceu batizando a ficção, fica estranha a escolha de tom.
"Não queríamos fazer nenhuma declaração política com esse filme", disse Clooney em Toronto.
"Obviamente, estávamos interessados no processo eleitoral, mas não procurando algo somente sobre política. O longa é sobre a condição humana e como estamos embalando e vendendo tudo de maneira específica."