Crítica Serial
LUCIANA COELHO - coelho.l@uol.com.br
Emmy promete ampliar latitude de escolhas
Com indicações mais ousadas, edição do prêmio parece, finalmente, buscar sintonia com o espectador
Noite de premiação, como a deste domingo (20) de Emmy, pede apostas, e a coluna faz as suas. Mais ousadas que nos últimos anos, as indicações prometem alguma emoção em um prêmio repetitivo que parece, finalmente, buscar mais sintonia com o espectador. Escolher (e acertar), portanto, ficou mais difícil. Mas tentemos:
Melhor série cômica: finalmente "The Big Bang Theory" não concorre, mas "Modern Family" segue no páreo e pode levar o sexto prêmio, jogando por terra o esforço de inovar. "Silicon Valley" foi a coisa mais engraçada na TV; a coluna aposta na temporada final de "Parks and Recreation" pelo conjunto da obra.
Melhor série dramática: a belíssima "Mad Men" é favorita e deve ganhar também por ser a temporada de despedida (e que apoteose!), mas não precisava, porque já tem alguns Emmy no histórico.
As ótimas "House of Cards" e "Orange Is the New Black" já tiveram anos melhores (ao contrário de "Game of Thrones", que está em ascensão e parece óbvio que em algum momento será coroada).
A coluna torce para a discrição de "Better Call Saul" e para a ostentação de "Downton Abbey", que compartilham a acidez no texto. Só não dá para premiar "Homeland".
Melhor atriz de comédia: Julia Louis-Dreyfus ("Veep") mereceria todos os prêmios sempre. Mas este parece ser o ano de Amy Schumer ("Inside Amy Schumer"), e isso não é ruim. Jane Krakowski (a Jacqueline de "Unbreakable Kimmy Schmidt") merecia o troféu de coadjuvante –que periga ir de novo para Julie Bowen ("Modern Family").
Melhor ator de comédia: torcida para Louis C.K. ("Louie"), aposta em Jeffrey Tambor ("Transparent"). Não é que a atuação de Tambor não seja excepcional; é que ele deveria concorrer na categoria drama. Entre os coadjuvantes, o Emmy deveria reconhecer que Keegan-Michael Key ("Key & Peele"), o "tradutor de raiva" de Obama, é um gênio.
Melhor atriz de drama: as seis concorrentes são dignas, mas Taraji P. Henson ("Empire"), como Cookie, sequestrou a série e torna qualquer outra escolha errada. Tatiana Maslany ("Orphan Black") é uma azarona que agradaria a colunista.
Coadjuvante: Lena Headey ("Game of Thrones"). Só a cena da caminhada da vergonha já justifica.
Melhor ator de drama: Bob Odenkirk ("Better Call Saul"), pelas pequenas sutilezas de um personagem escrachado. Jon Hamm ("Mad Men") é a aposta mais certeira, e seu Don Draper certamente deixa saudades. Para coadjuvante: Jonathan Banks ("Better Call Saul") ou Michael Kelly ("House of Cards"), que nos fizeram sofrer com eles.
Melhor minissérie ou série de temporadas "avulsas": o voto vai para "Olive Kitteridge", mas "Wolf Hall" e "The Honorable Woman" são maravilhas que devem ser vistas. A aposta, porém, é na sensação "American Crime". Frances McDormand ("Olive Kitteridge") e Mark Rylance ("Wolf Hall") merecem e devem levar os prêmios de melhor atriz e ator.