Mantega dá luz verde para subir gasolina
Percentual não foi definido; analistas defendem reajuste para compensar perdas com defasagem passada
Aumento de 8% chegou a ser debatido, mas participante de reunião diz que reajuste deve ser em torno de 5%
A diretoria da Petrobras recebeu, nesta terça-feira (4), o aval do ministro da Fazenda, Guido Mantega, presidente do conselho de administração da empresa, para reajustar os combustíveis.
A Folha apurou que, em reunião com os conselheiros, nesta terça, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, fez uma apresentação em que era exibido o percentual de 8% de alta.
Esse valor, porém, segundo pessoa próxima à alta administração da Petrobras, "dificilmente será aplicado". A expectativa dessa pessoa é que a alta seja de 5%.
Após a reunião, a empresa informou ao mercado, por meio de nota, que ainda não havia decisão sobre reajuste.
O último reajuste, de 4% na gasolina e 8% no diesel, foi concedido em 29 de novembro de 2013.
Embora importe parte do combustível que vende, a Petrobras não repassa imediatamente ao consumidor a variação externa dos preços devido à restrição do governo, preocupado com risco potencial de impacto na inflação.
Nos últimos quatro anos, porém, as perdas para a Petrobras com tal política são estimadas em R$ 60 bilhões, segundo a corretora Gradual.
Indagada sobre o reajuste, após a reunião, em Brasília, Graça disse que "aumento não se divulga, se pratica".
Com a queda no preço mundial do petróleo, da faixa de US$ 100 para US$ 85 o barril, no último mês, a perda diária da Petrobras quase zerou. Até a semana passada, a gasolina estava 1% mais cara no Brasil que no exterior, e o diesel, 4,5% mais barato.
Analistas dizem, porém, que o reajuste é necessário para reduzir as perdas passadas. A defasagem contribuiu para a dívida líquida da Petrobras triplicar, de R$ 71,5 bilhões para R$ 241,3 bilhões desde 2009.
PAUTA
A dispensa do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, condição imposta pela firma de auditoria PwC (PricewaterhouseCoopers) para avaliar o balanço da Petrobras do terceiro trimestre, não foi debatida na reunião. O assunto havia dominado o encontro do grupo realizada na sexta (31). Conselheiros divergiam sobre a forma como ele deveria ser dispensado.
A preocupação da PwC é com as denúncias feitas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de que teria recebido R$ 500 mil de Machado, em 2010, para favorecimento em licitações.
Indicado pelo senador Renan Calheiros, Machado acabou pedindo licença de 31 dias, na noite de segunda-feira (3). Ele nega as denúncias.
No dia 14, o conselho vai avaliar o balanço do terceiro trimestre, que deve ser divulgado no mesmo dia.