Juro ao consumidor sobe e bate recorde
Taxa média chegou a 44,2% ao ano, segundo o BC; é o maior patamar da série de dados, iniciada em março de 2011
Alta reflete, em parte, o aumento na taxa Selic, que passou de 7,25%, em março de 2013, para os atuais 11,75% ao ano
O custo de tomar um novo empréstimo aumentou no mês passado. A taxa média de juros cobrada do consumidor chegou a 44,2% ao ano, o maior patamar da série histórica, iniciada em março de 2011, informou o Banco Central nesta segunda-feira (22).
Em outubro, os juros estavam em 44,0% ao ano.
O custo dos empréstimos aumentou em quase todos os meses deste ano. Como os bancos são livres para escolher a taxa oferecida aos clientes (por isso, esse segmento é chamado de "crédito livre"), muitos fatores influenciam em sua variação.
Há as despesas de administração e o quanto o banco deseja lucrar. Mas há também a influência do próprio governo, que estimula a alta por meio da Selic, a taxa básica de juros, para moderar o consumo e controlar a inflação.
Desde março do ano passado, a Selic subiu 4,5 pontos percentuais, de 7,25% para os atuais 11,75% ao ano. No mesmo período, a taxa média de juros oferecida pelos bancos ao consumidor aumentou 9,7 pontos percentuais.
No mês, o estoque total de empréstimos foi novamente puxado pelo crédito direcionado, que compreende os financiamentos cujas taxas são reguladas pelo governo, como o agropecuário e os empréstimos do BNDES.
Segundo o BC, uma das explicações para o baixo crescimento nas linhas com recursos livres em novembro foi a entrada do 13º salário, que fez o consumidor quitar suas dívidas com cheque especial.
Em 12 meses, o estoque do crédito direcionado acumula alta de 25%. Já o saldo do crédito livre subiu apenas 4,7%.
BNDES ESFRIA
Os desembolsos do BNDES seguiram em expansão, embora a concessão de crédito pelo banco estatal mostre "arrefecimento", segundo Tulio Maciel, chefe do departamento econômico do BC.
Tal desaceleração já aparece nas projeções do banco para o ano que vem. Enquanto o estoque de empréstimos dos bancos públicos deve aumentar 17% neste ano, em 2015 deve ficar em 14%, de acordo com as projeções da autoridade monetária.
No total, o saldo de financiamentos deve permanecer em 12%, mesmo desempenho esperado para este ano, estima o BC. Com isso, o crédito disponível no país passará de 58% do PIB em 2014 para 61% ao final de 2015.