Orientação no governo é "manter o sangue-frio"
Avaliação é que mercado está testando os limites da equipe econômica
Moeda acima de R$ 3 já e tida como certa; maior preocupação é com inflação, que prolongaria alta de juros
A ordem dentro do governo Dilma Rousseff é ter "sangue-frio" diante da disparada do preço do dólar, que nesta sexta-feira (13) fechou o dia valendo R$ 3,249, com forte alta de 2,77%.
Na avaliação de assessores presidenciais, o mercado está "testando" se a equipe econômica aciona algum tipo de medida emergencial para segurar o valor da moeda norte-americana.
Segundo auxiliares, o governo não vai "piscar" e só tomará medidas se considerar que o quadro vai além de uma forte volatilidade provocada pelo momento de instabilidade política no Brasil e por fatores externos.
Assessores presidenciais confidenciam que, mais do que nunca, será necessário acelerar a aprovação das medidas de ajuste fiscal no Congresso para trazer mais tranquilidade para economia.
Dentro da equipe econômica, já é dado como certo que o dólar ficará acima de R$ 3 daqui para a frente. Tentar segurar esse movimento de alta da moeda americana, segundo técnicos, seria um erro de estratégia e só levaria o mercado a ficar testando cada vez mais o governo.
Além disso, auxiliares presidenciais reforçam que o dólar está subindo no mundo todo e não faz sentido o BC tentar frear esse movimento internacional. O custo seria alto, sem gerar os resultados esperados pelo governo.
Em caso de necessidade, o BC pode sinalizar que irá ofertar mais proteção cambial ao mercado, com leilões de "swap" cambial --contratos que funcionam como venda de dólar no mercado futuro.
Internamente, a maior preocupação com a disparada do dólar está no comportamento da inflação. Se houver mais pressão sobre os preços domésticos, o BC terá que manter por mais tempo o ciclo de alta dos juros, num momento de retração da economia e primeiros sinais de aumento do desemprego.