Desabafo de Levy sobre demissão afeta votação
Agastado pela ameaça do Congresso de derrubar o veto da presidente Dilma à prorrogação até 2042 dos subsídios sobre a energia elétrica para grandes empresas do Nordeste, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) chegou a dizer que, nesse caso, preferia pedir demissão.
O desabafo, feito na quarta-feira (11), foi usado por governistas para pressionar seus aliados.
A manutenção do subsídio elétrico provocaria um custo extra de R$ 5 bilhões nas contas do Tesouro neste ano e dificultaria cumprir a meta de economizar 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) para reduzir a dívida pública.
A manobra para tentar derrubar o veto de Dilma, que acabou fracassada, foi comandada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pegando de surpresa o governo durante a sessão do Congresso.
Acionados de emergência, depois que o veto já havia sido derrubado na Câmara, os ministros Pepe Vargas (Relações Institucionais) e Eduardo Braga (Minas e Energia) levaram a Calheiros e a senadores governistas a mensagem de que a queda do veto poria em risco o ajuste fiscal e estava levando Levy a dizer que "preferia pedir demissão do cargo".
O veto acabou não caindo por apenas 2 votos no Senado --39 senadores votaram pela derrubada.
CALOR DO MOMENTO
Assessores deDilma classificaram a ameaça de Levy como uma reação no "calor do momento".
Nesta sexta-feira (13), quando circulou tanto em Brasília como no mercado financeiro a informação de que teria ameaçado pedir demissão, Levy disse a interlocutores não ter "nenhuma intenção nem motivos para deixar o governo" e estar comprometido com a missão que lhe foi dada pela presidente Dilma de ajustar a política econômica.