Dólar caro reduz a 2% vantagem da Petrobras na gasolina
Diferença chegou a 57% em janeiro e vem ajudando a engordar o faturamento da estatal nos últimos meses
Com a disparada do dólar, a Petrobras está perto de perder uma vantagem que engordou seu faturamento nos últimos meses: a venda de gasolina e óleo diesel, seus principais produtos, a preços superiores aos do mercado internacional.
A diferença em favor da estatal, que chegou ao pico de 57% na gasolina em janeiro, foi baixando gradualmente até chegar a apenas 2,3% nesta sexta-feira (13).
O câmbio desfavorável só não zerou a vantagem da Petrobras porque os preços do derivado de petróleo no golfo do México (principal referência internacional) recuaram nesta semana. Os dados foram levantados pela consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura) a pedido da Folha.
Com a escalada do câmbio, analistas esperam, porém, que a situação se inverta e a estatal volte a vender gasolina no Brasil com prejuízo na parcela que importa.
A companhia produz 2,2 milhões de barris/dia de derivados. As importações somam 490 mil barris/dia.
Desde novembro, com a queda dos preços do petróleo e derivados no mercado externo e o reajuste dos preços internos de gasolina e diesel nas refinarias, a Petrobras vende os produtos acima da cotação internacional e não mais "subsidia" importações.
Ou seja, até então, pagava mais para trazê-los ao país do que vendia às distribuidoras, o que abriu um buraco no caixa da empresa.
Essa situação prevaleceu de 2011 a outubro de 2014. No período, a estatal deixou de faturar R$ 57,6 bilhões, segundo o CBIE.
A partir de novembro, a Petrobras começou a ter ganhos estimados em R$ 5,3 bilhões até janeiro (dado mais recente disponível).
Segundo Walter de Vitto, da Tendências Consultoria, a expectativa é que a vantagem da Petrobras termine com a disparada do dólar e o esperado aumento do consumo e dos preços da gasolina no hemisfério Norte com o fim do inverno por lá. O diesel também tende a subir com a safra de verão nos EUA.
Henrique Florentino, analista da Um Investimentos, diz que a fase de vender combustíveis com "prêmio" está prestes a acabar. O único alento, afirma, é que no diesel a estatal ainda leva vantagem. Trata-se do derivado que mais pesa nas importações da companhia. No diesel, a Petrobras tem uma folga maior: 12,3% acima da referência internacional.