Mercado aberto
MARIA CRISTINA FRIAS cristina.frias@uol.com.br
Receita de MPEs de SP cai 18% em fevereiro
O faturamento real de micro e pequenas empresas paulistas caiu 18% em fevereiro, em comparação com o mesmo mês de 2014, e chegou a R$ 43,6 bilhões, segundo o Sebrae-SP.
Essa é a pior variação em um mês de fevereiro desde 1998, quando o estudo foi realizado pela primeira vez.
"É uma junção do cenário econômico ruim, que não se alterou, com a baixa confiança do consumidor", diz Marcelo Moreira, da entidade.
Em fevereiro de 2014, a receita das MPEs paulistas havia sido de R$ 53,2 bilhões.
"O menor número de dias úteis por causa do Carnaval também foi um pouco responsável pelo resultado, mas, mesmo que a quantidade fosse a mesma, essa queda não deixaria de existir."
Os segmentos de comércio e serviços apresentaram a maior retração no período, de 19,1% e 18%, respectivamente, enquanto o faturamento real da indústria caiu 15,2%.
"A indústria vem sofrendo há mais tempo, por isso teve um percentual um pouco menor, mas todos os setores sentiram reflexos da crise."
A parcela de micro e pequenos industriais paulistas que consideram sua margem de lucro ruim ou péssima atingiu 47% e 50% em fevereiro, segundo o Simpi (que representa o setor). Esses são os maiores percentuais desde o início da série, em 2013.
"Além da inflação, as empresas têm dificuldades em contrair crédito", diz Joseph Couri, presidente do Simpi.
Varejo deverá ter alta de 0,5% nas vendas para o Dia das Mães
As vendas para o Dia das Mães terão um crescimento real (descontada a inflação) de 0,5% neste ano, segundo projeção da CNC (Confederação Nacional do Comércio).
O resultado deverá ser o pior desde 2004, quando o comércio recuou 1,9%.
"Esse desempenho será até bastante positivo, considerando a realidade do varejo, que registrou queda de 1,2% no primeiro bimestre [deste ano na comparação com o mesmo período de 2014]", afirma Fábio Bentes, economista da entidade.
"Só não haverá uma retração graças ao segmento de farmácia e perfumaria, que vem apresentando crescimento e que tem uma relevância maior na data."
A entidade estima que o comércio nesse setor avance 7,8% em relação ao Dia das Mães do ano passado. Móveis e eletrodomésticos, no entanto, deverão ter uma diminuição de 2,8%.
"O resultado fraco é influenciado pela deterioração do mercado de trabalho e pela inflação ainda alta, que prejudica a renda. As taxas de juros para o consumidor também estão muito elevadas e o crédito não está ajudando", acrescenta.
MãO DE OBRA NEGATIVA
A indústria eletroeletrônica registrou o maior saldo negativo de empregos para um primeiro trimestre dos últimos cinco anos, de acordo com a Abinee.
Entre os meses de janeiro e março deste ano, foram fechadas 1.030 vagas, ante 5.460 em 2009.
No período, o setor acumulou 173.080 empregados diretos --decréscimo de 3,69% em relação ao primeiro trimestre de 2014.
"O mercado já estava retraído no ano passado, mas o fim da desoneração da folha estimulou as empresas a continuar demitindo neste ano", diz Humberto Barbato, presidente da Abinee.
"Dos dez segmentos da cadeia, apenas o de material elétrico de instalação está com faturamento na média."
Em 2014, a receita da indústria eletroeletrônica recuou 1,9% em relação ao ano anterior. "Para este ano, estimamos que a queda será entre 3% e 4%", diz Barbato.
BAIXOU A POEIRA
A Fibria, do segmento de celulose, entrega nesta quinta-feira (30) duas de suas quatro propriedades rurais, localizadas em Prado (BA), para assentados do Incra.
A operação levou seis anos para ser concluída.
A companhia, criada na fusão da Aracruz com a Votorantim, foi indenizada pelo Incra em R$ 20 milhões.
"Havia um impasse com o MST (Movimento dos Sem-Terra) desde a década de 1980. Em 2011, entramos em acordo para erguer um assentamento-modelo", diz Fausto Camargo, da empresa. Em contrapartida, o movimento se comprometeu, entre outras obrigações, a não mais invadir propriedades da Fibria.
As áreas, de 4.000 hectares, abrigarão 400 famílias do MST. Outros 7.000 hectares aguardam regularização. A empresa afirma que investiu R$ 4 milhões em projetos sociais desde 2011 na região.