No CE, morador convive com ratos e insetos
As obras não concluídas da Copa deixam um rastro de problemas pelas cidades-sedes do torneio. Em Fortaleza (CE), uma linha de VLT prevista para 2013 está com menos da metade da construção realizada. Viadutos e túneis inconclusos fecham ruas.
As mais de 2.000 desapropriações previstas no projeto ainda não terminaram, e os moradores que não saíram das casas têm que conviver com a insegurança e com os roedores e insetos que vivem nos entulho dos imóveis já derrubados no local.
"A comunidade ficou perigosa, com muito lixo, invasão de ratos. Mas tem coisa pior, como casas que racharam", disse Maria do Rosário Alcântara, 50, líder da área Trilho do Senhor, uma das 22 afetadas pelo VLT cearense.
Comerciantes também reclamam dos prejuízos por causa de intervenções não concluídas que deixam tapumes e ruas sem saída.
O posto de combustíveis Idaza, na avenida da FEB, em Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá (MT), teve queda de 30% do movimento desde que as obras do VLT começaram. Tudo isso porque o retorno que ficava próximo ao local foi fechado.
A construção parou em dezembro e ninguém sabe quando será reaberta. Três funcionários foram demitidos.
"Se pelo menos tivesse o VLT, dava uma melhorada para a gente vir trabalhar", disse o frentista Jonhatan Arruda, 36, vendo a estação se deteriorando à sua frente.
O promotor Clóvis de Almeida Júnior, do Ministério Público de Mato Grosso, diz que os procuradores tentaram impedir, na Justiça, o prosseguimento do projeto do VLT devido à sua inviabilidade. Mas, segundo ele, a pressão dos governos pelas obras foi mais forte.
"A situação política era complicada para fiscalizar. Todos estavam com receio para decidir e ser o responsável se Cuiabá não recebesse a Copa. Você era crucificado na rua se falasse mal do projeto."
Passado o evento, o novo governo herdou os projetos da Copa inacabados no Estado e com dívidas a pagar, inclusive o estádio. Uma CPI foi aberta para investigar a suspeita de desvio de recursos.
"Estamos levantando os dados para fazer pedidos de quebra de sigilo dos responsáveis", afirmou o presidente da CPI, deputado Oscar Bezerra (PSB).