Mercado Aberto
MARIA CRISTINA FRIAS cristina.frias@uol.com.br
Taxa de ocupação de hotéis cai 9,9% em maio
A crise e o aumento da oferta de quartos hoteleiros fizeram com que a taxa de ocupação dos estabelecimentos no país caísse 9,9% em maio, em relação ao mesmo mês de 2014, e ficasse em 60,86%.
No acumulado do ano, a retração é de 5,9% e a média de 59,21%, segundo o Fohb (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil).
"O que acontece é consequência do desaquecimento econômico e da instabilidade política", diz o presidente da entidade, Manuel Gama.
"O pior é que os custos estão subindo. Isso aumentará as despesas das redes."
Em algumas cidades, o crescimento da oferta em um ritmo maior do que o da demanda acentua a retração.
Em Belo Horizonte, por exemplo, a entrega de novos hotéis avançou principalmente para atender a Copa de 2014 e, agora, a ocupação está ao redor dos 35%.
Com 12 unidades em Brasília, a rede Hplus sentiu uma queda de 15% na taxa no acumulado deste ano por causa da diminuição no número de eventos corporativos.
"Como Brasília não é turística, houve um impacto superior à média devido aos cortes do governo e, consequentemente, à redução nos eventos dos ministérios, além de convenções privadas", afirma o CEO, Otto Sarkis.
O segmento de luxo é o mais atingido até agora no país, com recuo de 6,3% entre janeiro e maio.
CÁLCULO REVISADO
A rede hoteleira Slaviero revisou para baixo o crescimento de seu faturamento neste ano por causa da redução na taxa de ocupação no primeiro semestre.
A empresa faturou R$ 150 milhões no ano passado e projetava chegar a R$ 200 milhões neste ano, entretanto, estima agora atingir R$ 180 milhões.
"Por causa da retração na economia, houve uma diminuição nas viagens do público corporativo, que corresponde por 70% a 80% do nosso negócio", afirma Eduardo Slaviero Campos, diretor-geral da rede.
A rede Slaviero tem 28 hotéis em operação em sete Estados e outros oito empreendimentos assinados.
"Curitiba, por exemplo, foi uma das praças com queda inferior à média nacional, entre 1% e 2%, enquanto São Paulo registrou retração de 10%", diz Campos.
DE OLHO NO LONGO PRAZO
A rede gaúcha de hotéis Intercity teve, de janeiro a maio deste ano, uma variação nominal de 2% na receita por quarto disponível (conhecida como Revpar), abaixo da inflação acumulada no período, de 5,34%.
Hotéis em capitais como Belo Horizonte, Brasília e Manaus enfrentam as maiores dificuldades neste ano, por causa do excesso de oferta ou da grande dependência do turismo corporativo, segundo o fundador do grupo, Alexandre Gehlen.
"Em regiões com maior demanda de lazer, como Fortaleza, Natal, João Pessoa e Gramado, as unidades continuam se saindo bem."
A empresa manteve os planos de entregar cinco novos hotéis em 2015. "São projetos que estavam contratados. O nosso mercado é de longo prazo, não tem como planejar olhando apenas um ou dois anos."
Cooperativas do Rio Grande do Sul crescem 10,6% em 2014
O faturamento das cooperativas do Rio Grande do Sul cresceu 10,6% no ano passado e atingiu R$ 31,2 bilhões, segundo a Ocergs, que representa o segmento no Estado. A evolução ficou acima da inflação de 2014, de 6,41%.
O avanço em um período de instabilidade econômica é um movimento natural do setor, segundo Vergilio Perius, presidente da entidade.
Em épocas de crise, produtores com dificuldades de crédito ou de acesso a mercados, por exemplo, tendem a buscar adesão às cooperativas.
"É algo que ocorre principalmente entre pequenos e médios produtores, que são a maioria entre os cooperados da área agropecuária no Estado", afirma Perius.
A industrialização da produção agrícola também ajudou a puxar a alta, diz ele.
As cooperativas gaúchas de crédito, saúde e agropecuária foram as que mais avançaram no ano passado: 29,3%, 16,5% e 6,1%, respectivamente.