Inflação em 7 meses bate meta do ano
Pressionado por alta de energia elétrica e combustíveis, IPCA avança 6,83%, 0,3 ponto acima do teto da meta
Dólar mais caro e o preço dos alimentos também ajudaram a acelerar a taxa; alta em 12 meses é de 9,56%
A inflação até perdeu força no mês passado ante junho, mas nos sete primeiros meses de 2015 já superou o resultado obtido em todo o ano passado e bateu o teto da meta do governo para o índice de preços.
Pressionada por itens como combustíveis e energia elétrica, a inflação acumulada no ano é de 6,83%, 0,33 ponto acima do teto da meta –o objetivo central do Banco Central é alta de 4,5%– e a maior para o período de janeiro a julho desde 2003. Em 2014, a inflação anual foi de 6,41%.
No início de 2016, o presidente do Banco Central terá de enviar uma carta para o Ministério da Fazenda a fim de justificar o descumprimento da meta de inflação. A última vez em que houve estouro foi em 2003, no primeiro ano do governo Lula.
"A explicação é mais do que prevista: o reajuste dos preços administrados", explica Tatiana Pinheiro, economista do Santander, em referência aos preços controlados pelo governo.
O IPCA (índice oficial de preços) sobe forte neste ano pressionado pelo choque das tarifas reguladas pelo governo, como energia elétrica, água e esgoto, transporte, combustíveis e loteria.
O dólar mais caro e o preço dos alimentos também ajudaram a acelerar a taxa.
A inflação acumulada em 12 meses manteve sua trajetória de alta, para 9,56%, também o maior pico desde novembro de 2003 (11,02%).
A inflação de julho, de 0,62%, desacelerou em relação à do mês anterior (0,79%), mas é alta para os padrões do mês. Em julho de 2014, o índice de preços havia sido de apenas 0,01%.
O principal responsável pela alta no mês passado foi a energia elétrica, após reajustes de tarifas nas regiões metropolitanas de Curitiba e de São Paulo.
"É um mês do ano em que geralmente temos mais deflação, por causa da desaceleração de alimentos e poucos reajustes de tarifas", afirma Flávio Serrano, do Banco Espírito Santo.
Os moradores de quatro regiões já convivem com inflação de dois dígitos no acumulado dos últimos 12 meses.
Em Curitiba, os preços de bens e serviços subiram 10,63% na média. No Rio, o aumento dos preços também foi salgado: 10,18%.
Também acumulam preços acima de 10% Goiânia e a região metropolitana de Porto Alegre, segundo o IBGE.
A região metropolitana de São Paulo não está muito atrás. Em 12 meses, os preços subiram em média 9,68%.
A menor alta acumulada é a de Belo Horizonte: 8,31%.
PROJEÇÃO
A expectativa é que a inflação se mantenha alta até o fim do ano. Os economistas ouvidos pelo Banco Central (BC), no Boletim Focus, preveem o índice de preços oficial do país em 9,25% em 2015.
Em julho, o Banco Central elevou em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), para 14,25% ao ano.
O BC já havia indicado que o aumento mira a inflação de 2016. O menor ritmo da economia e a dissipação dos reajustes de 2015 devem levar o IPCA para 5,4%, no próximo ano, segundo o Focus.