Dólar cai para R$ 3,51 depois de BC elevar intervenção
Foi a primeira baixa da moeda após seis dias seguidos de alta; na semana, porém, valorização atingiu 2,69%
O dólar fechou em baixa nesta sexta (7), cotado a R$ 3,51, um dia após o Banco Central anunciar que um aumento da intervenção no mercado cambial para tentar conter a valorização da moeda americana. Foi o primeiro dia de baixa após uma sequências de seis valorizações.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro,caiu 0,61%, para R$ 3,512. Na semana, porém, acumulou valorização de 2,69%, enquanto no ano a alta chega a 32,6%.
O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, fechou em baixa de 0,70%, para R$ 3,510, mas registrou ganho de 2,48% na semana e de 31,9% no ano.
CORREÇÃO DE ROTA
Para conter a alta do dólar, o BC anunciou o aumento na oferta de contratos conhecidos como swap cambial, que equivalem à venda de dólar em prazos de até 18 meses, a partir desta sexta. Nesses contratos, o BC assume o risco da variação cambial e paga a diferença em reais.
A Folha apurou que o governo considerou que a decisão de renovar apenas 60% dos contratos de câmbio que vencem em setembro, mesma estratégia do mês passado, contribuiu para adicionar "volatilidade" a esse mercado.
Na avaliação do governo, ao indicar agora que irá renovar 100% dos contratos, o BC estaria retirando um dos elementos que estavam influenciando o comportamento do mercado nesse sentido.
Na quinta (6), o diretor do BC Aldo Mendes disse que "o preço do dólar está claramente esticado" e que "os agentes estão agindo com pouca racionalidade".
Em março, quando encerrou o programa de intervenções no câmbio lançado em agosto de 2013, o BC afirmou que os contratos de swap que estavam nas mãos do mercado seriam renovados "levando em consideração a demanda pelo instrumento e as condições de mercado".
Naquela época, o BC disse que, "sempre que julgar necessário, poderá realizar operações adicionais por meio dos instrumentos cambiais ao seu alcance". Até o momento, no entanto, essa possibilidade não foi cogitada.
"Com o aumento da atuação, o BC tirou uma dinâmica óbvia de valorização do dólar, mas não inverteu a tendência de apreciação da moeda americana, que é causada por fatores políticos e externos", disse Felipe Miranda, sócio da Empiricus Research.
"A decisão foi uma maneira de o Banco Central reconhecer que o real está enfraquecido. Mas, ao fazer esse reconhecimento, ele pode piorar o cenário e iniciar um cabo de guerra com o mercado que não deveríamos ver neste momento", avalia Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.
Para André Perfeito, economista da Gradual Investimentos, a tensão política deve piorar ao longo do mês. Em sua avaliação, a apreciação do dólar deve forçar o BC a dar continuidade no aumento dos juros, apesar de ter sinalizado o fim do ciclo de alta.
"A tendência é que as tensões políticas piorem ao longo do mês, causando mais desvalorização do real. Pode-se considerar que R$ 3,50 é o novo patamar da moeda."
Dólar turismo é vendido por até R$ 3,92 em SP