Vaivém das Commodities
MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br
Verdura para chamar de sua
Empresas criam hortaliças de vários tamanhos e formas para atender famílias mais ou menos numerosas e demanda do fast food
Vera, Vanda, Inês, Silvana, Isabela e tantas outras. Nomes comuns, mas por trás deles há muito investimento quando se trata de hortaliças.
No passado, convencionou-se dar nomes de mulheres para as variedades de hortaliças, o que ainda persiste.
Se enganam os que acham que é simplesmente plantar, e a hortaliça será colhida. Em muitos casos, a busca de uma variedade pode levar até 20 anos do início da pesquisa à chegada desse produto à mesa do consumidor.
A Vanda, a Valentina e a Silvana, por exemplo, estão chegando agora ao mercado e são variedades de hortaliças próprias para o cultivo no período do frio.
Não é apenas o período do ano a ser semeado que deve ser levado em consideração, mas também as novas tendências do mercado, de acordo com Paulo Koch, da Sakata, empresa fundada no Japão e que está há cem anos nesse setor.
O objetivo de uma empresa de pesquisa como a Sakata é visualizar as tendências em toda a cadeia, diz Koch.
Um dos primeiros passos é olhar para o produtor e buscar uma variedade o menos vulnerável possível a doenças e climas.
Produtividade e durabilidade maior após a colhei- ta também são objetos da pesquisa.
O varejo também tem sua parcela de exigência nessa comercialização, buscando um produto de maior durabilidade à disposição dos consumidores.
SABOR E CROCÂNCIA
Já estes estão em contínua mutação. Querem um produto não só com boa aparência mas também com sabor e crocância, segundo Koch.
Não só, as mudanças no tamanho das famílias exigem, ainda, uma mudança no tamanho dos produtos a ser oferecidos.
"Existe uma miniaturização de alguns produtos", afirma Koch.
O produtor tem à disposição duas variedades de repolho. Um no tamanho tradicional, para grandes famílias e restaurantes, e outro de menor porte, especial para uma famílias com poucas pessoas. O mesmo ocorre com outros produtos, inclusive com a alface.
As empresas de pesquisa devem se voltar também para grandes consumidores, como as redes de fast food e restaurantes a quilo.
Enquanto esses últimos são os maiores incentivadores do consumo de hortali- ças no país, as redes de fast food exigem produtos diferenciados.
A alface do tipo americana é que tem um dos maiores aumentos no consumo.
"Além da crocância e de folhas grossas, ela se mantém bem no hambúrguer quente", afirma Koch.
É uma variedade utilizada nas cozinhas industriais, com boa conservação após a colheita. Além disso, o formato é ideal para o corte.
UMA CABEÇA
O brócolis também entra na preferência do consumidor, principalmente o que é formado por apenas uma cabeça. O consumidor estava acostumado, até agora, ao brócolis que é formado por vários ramos.
Essa variedade veio do Japão e foi tropicalizada. Com isso, a oferta aumentou e o Brasil passou a ter uma produção o ano todo.
O consumo de hortaliças tem crescimento contínuo no país. Koch atribui essa evolução à chegada dos restaurantes por quilo, que agregaram a salada ao cardápio, sem cobrar um extra por ela.
O crescimento de renda da população brasileira trouxe mais consumidores a esses produtos.
Além disso, o apelo saúde mudou o foco da alimentação, dando mais espaço às hortaliças no dia a dia.
É difícil prever o quanto cresce esse mercado, por ser muito pulverizado, mas Koch diz que, pelas vendas de sementes, dá para ter uma noção desse crescimento.
Nos últimos cinco anos, as vendas do sementes cresceram de 10% a 15% anuais.
Nesta semana, a Sakata apresentou, em fazenda em Bragança Paulista (SP), a produtores 60 produtos de 18 variedades de hortaliças.