Emprego nos EUA põe em xeque alta dos juros
Mercado de trabalho tem desempenho fraco e gera dúvidas sobre aperto na política monetária
A criação de postos de trabalho voltou a frustrar expectativas nos Estados Unidos, esfriando os ânimos quanto à esperada elevação dos juros no país ainda em 2015.
Em setembro, houve um saldo de 142 mil vagas criadas, resultado pouco mais que suficiente para atender apenas aquelas pessoas que estão ingressando agora no mercado de trabalho.
A taxa de desemprego se manteve em 5,1%, nível próximo ao considerado de pleno emprego (5%), mas outros indicadores acompanhados atentamente pelo Fed ainda preocupam.
O número de pessoas trabalhando meio período porque não encontram emprego de jornada integral aumentou em 160 mil de agosto para setembro.
Há duas semanas, quando o Fed manteve os juros entre zero e 0,25%, a presidente do BC dos EUA, Janet Yellen, observou que essa fatia do mercado de trabalho era acompanhada com atenção.
Para acentuar o ceticismo, o Departamento do Trabalho americano revisou para baixo o número de postos gerados em agosto, agora estimados em 136 mil (e não mais 173 mil).
A expansão do mercado de trabalho perdeu fôlego nos últimos meses. Nos nove primeiros meses, a média de acréscimo de vagas em 2015 está em 198 mil mensais. Em 2014, ficou em 260 mil.
Atividades relacionadas a mineração, gás e petróleo enxugaram vagas no último ano, em meio à queda global de preços do setor. Mais de 10 mil postos foram cortados entre agosto e setembro. A indústria de manufatura não registrou alta expressiva.
Economistas apontaram o esfriamento da economia global, em especial a desaceleração chinesa, entre os motivos da expansão fraca do mercado de trabalho americano. Além de reduzir as exportações do país, a conjuntura afeta a confiança do mercado, observam.
Por isso, há dúvidas se o Fed vai começar a subir os juros na reunião deste mês.
"O relatório oferece pouca confiança aos membros do Fed para uma elevação da taxa de juros em dezembro", escreveu Andrew Chamberlain, economista-chefe do centro de pesquisa econômica Glassdoor.