'Todo país em crise precisa de mais impostos', afirma Levy
A investidores ministro reforçou compromisso com ajuste fiscal
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, reiterou em encontro com investidores nesta sexta (9) que mais impostos são necessários para atravessar a crise econômica.
Ele voltou a defender a CPMF, afirmando que o tributo deve ser temporário, apenas para ajustar "as receitas cíclicas" da Previdência.
"Todo país em crise precisa de mais impostos", disse Levy, reforçando que a prioridade do governo deve ser o ajuste fiscal. Segundo ele, a experiência internacional mostra que, quando a política macroeconômica volta aos trilhos, a recuperação do crescimento é rápida.
Os comentários foram feitos em um encontro fechado com cerca de 60 investidores de vários países organizado pelo banco de investimento Brasil Plural, em Lima (Peru), onde o ministro está participando da reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial.
A situação da Petrobras foi uma preocupação de investidores levantada no encontro. Segundo a Folha apurou, Levy disse que a administração atual da empresa é profissional e não hesitará em tomar medidas impopulares se elas forem necessárias, incluindo a alta dos combustíveis.
"O governo não deve interferir na Petrobras", disse Levy, acrescentando que a estatal tem condições de honrar seus pagamentos até 2016.
No mesmo encontro, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que o nível de juros atual é suficiente para a convergência da meta de inflação. Ele ressaltou que os principais temores no cenário externo atual são a desaceleração na China, o fim do superciclo das commodities e a possibilidade de aumento de juros nos EUA.
Mais tarde, em entrevista coletiva, Levy também citou as "transições" em curso no mundo como o foco principal das discussões em Lima. Mas disse que há uma percepção de que o viés da recuperação global é positivo.
"Há mais otimismo, porque a gente vê a economia global convergindo para novos caminhos. No caso do Brasil, estamos também fazendo essa travessia. Sabemos que temos que fazer isso da forma mais segura possível", disse Levy.
Foi a mesma mensagem incluída pelo ministro no comunicado feito nesta sexta ao Comitê Monetário e Financeiro do FMI. A declaração observa que, embora os gastos públicos tenham caído aos níveis de 2013, a "rigidez orçamentária", principalmente em programas sociais, tende a diminuir a meta original de superavit primário".