Medo de vírus muda rotina de americanos
Escolas foram fechadas em Ohio e no Texas porque crianças estavam no avião em que viajou enfermeira infectada
Pesquisa diz que quase metade da população do país adiará viagens e evitará contato com pessoas vindas da África
Ainda que o número de casos de ebola nos Estados Unidos seja limitado, o medo da infecção mudou a rotina dos norte-americanos.
Uma pesquisa feita pela agência Reuters e o instituto de pesquisa Ipsos mostra que 45% da população do país está evitando viagens internacionais por medo da doença.
Um número semelhante (47%) também tem se esquivado de contatos com pessoas que estiveram recentemente na África.
Cuidados de higiene básica também aumentaram. De acordo com os dados, 57% dos entrevistados disseram estar lavando as mãos com maior frequência.
Os números confirmam a percepção geral no país: quase 80% dos americanos estão preocupados com o ebola.
A pesquisa foi feita entre sexta (10) e quarta, quando foram divulgados os casos das duas enfermeiras infectadas pelo vírus após contato com Thomas Duncan, um liberiano diagnosticado com a doença nos EUA que morreu na semana passada.
Uma delas, Amber Vinson, 29, viajou de avião um dia antes de ser internada com sintomas da doença. Ela viajou de Cleveland, onde visitou a família, para Dallas.
"Tinha planos de ir a Califórnia no inverno, mas se o ebola estiver se espalhando [nos EUA], eu não vou", disse Deena Greenebaum, 68, moradora de New Jersey entrevistada pela pesquisa.
A notícia de que Vinson viajou com outras 132 pessoas ""que foram entrevistadas pelas autoridades sanitárias--gerou mais pânico e provocou o cancelamento das aulas em pelo menos seis escolas de Ohio e do Texas.
Em Solon, no subúrbio de Cleveland, duas escolas amanheceram fechadas após a suspeita de que um funcionário viajou no mesmo avião que Vinson (embora não no mesmo voo).
Em Akron, também em Ohio, os estudantes de uma escola foram dispensados no meio do dia e o local ficará fechado até segunda-feira (20). O motivo foi o contato do pai de um dos alunos com a enfermeira durante sua visita no final de semana.
Em Belton, no Texas, três escolas suspenderam as atividades porque duas crianças estavam no mesmo voo que Vinson. Os alunos receberam pedidos para ficar em em casa até o fim do período de incubação do vírus (21 dias).
Em entrevista na quarta-feira, o diretor do Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) afirmou que a chance de contágio durante o voo é extremamente baixa, já que Vinson não tinha febre e nem vomitou durante a viagem.
O ebola não é transmitido pelo ar, apenas pelo contato com os fluidos corporais de uma pessoa doente.