Análise eleição americana
Vitória republicana não garante caminho fácil para Casa Branca
Para eleger presidente em 2016, partido oposicionista precisa aumentar apelo entre mulheres e minorias
As eleições de meio de mandato --e a acachapante derrota democrata na terça (4)-- abrem oficialmente a corrida para 2016.
Rand Paul, um dos pré-candidatos republicanos à Presidência, já tenta colar a derrota em Hillary Clinton, a presidenciável mais ameaçadora dos democratas.
"Hoje os eleitores mandaram um recado para o presidente Obama e para Hillary Clinton, rejeitando suas políticas e seus candidatos", tuitou. Também lançou a hashtag #hillarylosers em uma série de fotos dela fazendo campanha ao lado de democratas derrotados na terça.
De fato, foi o pior dos mundos para o partido do presidente Obama: republicanos conquistaram a maioria no Senado, um domínio maior na Câmara, enquanto os democratas perderam governos até em Estados tradicionalmente de esquerda, como Illinois e Maryland. Os eleitores rejeitaram fortemente o desempenho do presidente na economia, saúde (Obamacare) e política externa.
Mas todo esse cenário catástrofe não assegura vitória fácil para os republicanos em 2016. Em 1994 e 2010, republicanos também tiveram vitórias folgadas em eleições de meio de mandato, mas perderam a Casa Branca depois.
Esse tipo de eleição tradicionalmente atrai eleitores brancos, homens e mais velhos --ou seja, republicanos.
Mas a evolução demográfica dos EUA, com grande redução da população branca, vai na direção oposta. Jovens, mulheres, hispânicos e negros votam em democratas.
Para emplacar um presidente republicano em 2016, o partido precisa aumentar seu apelo entre mulheres e minorias. Principalmente entre latinos: todos os dias, 66 mil hispânicos completam 18 anos nos EUA. E muitos republicanos ainda apostam na guerra à anistia a imigrantes ilegais como plataforma de campanha.
Feitas essas ressalvas, Scott Walker, governador republicano reeleito em Wisconsin, emerge como um dos claros favoritos. Ele ganhou três eleições em quatro anos. O que falta em carisma a Walker sobra em feitos: cortou impostos, obrigou funcionários públicos a pagar mais por planos de saúde e de previdência, autorizou o porte de armas escondidas e restringiu direitos de sindicalização de servidores --todos temas caros aos republicanos. Enfrentou protestos de servidores, foi alvo de um referendo revogatórios e sobreviveu.
Mas Hillary, apesar de chamuscada pelo repúdio a Obama, continua uma candidata formidável. Tem grande popularidade, é do sul (onde os democratas levaram uma sova) e tem grande apoio de eleitores que rejeitam Obama --trabalhadores brancos de classe média.
Vai ter de se distanciar do presidente --que, com taxa de aprovação de apenas 42%, provou-se tóxico.
Para analistas, o único capaz de enfrentar Hillary em pé de igualdade seria Jeb Bush, o "Hillary republicano". O ex-governador da Flórida, irmão do ex-presidente George W. Bush e filho do ex-presidente George Bush, é o único candidato do partido republicano que se equipara em carisma e apelo a Hillary --mas ainda não decidiu se vai se candidatar.