Africanos lideram em pedidos de asilo no país
Até novembro, solicitações chegaram a 60,7 mil, mais do que o dobro de 2013
Nascidos no Egito e na Tunísia correm mais risco de deportação por causa de acordos bilaterais com a Itália
Além do recorde de resgatados no mar Mediterrâneo, cresceu como nunca o número de pedidos de asilo pelos imigrantes na Itália.
Até novembro deste ano, foram feitas 60,7 mil solicitações ao governo, mais do que o dobro do ano passado (26,6 mil).
Ao todo, 63% são de países africanos, liderando Mali e Nigéria, ambos com 9,4 mil processos.
Em termos de casos concluídos, em que o pedido feito já teve resposta, também houve crescimento. Segundo o governo, foram 35 mil resultados em 2014, sendo que em 61% o asilo foi aprovado.
Os asilos podem ser requisitados desde que se prove a necessidade de proteção internacional por causa de perseguição política, risco de morte em guerra civil, sob regimes totalitários ou em ações terroristas, entre outros.
Cidadãos de países como Síria, Somália e Nigéria, com esse perfil, têm mais chances de obter asilo. Já os nascidos no Egito e na Tunísia correm mais risco de deportação por causa de acordos bilaterais com a Itália nesse sentido.
A condução desses processos nem sempre é ágil, porque quase todos chegam à Itália pelo mar, sem documentos nem história pregressa, só com o apelo para ficar.
Por isso, há uma diferença grande entre o número de resgatados, de pedidos de asilos feitos e dos que foram processados --muitos são apresentados sem condições mínimas de análise.
A legislação italiana diz que é clandestino e ilegal quem cruza a fronteira com mais de 18 anos para permanecer no país sem um visto regular.
Entretanto, afirma que o imigrante não pode ser imediatamente deportado caso tenha sido resgatado em situação de socorro, sem documentos para ser checados e sem transporte adequado para ser devolvido ao país de origem.
E é justamente nesse cenário acima que se encontra a maioria dos que desembarcam após a travessia pelo mar Mediterrâneo.
Sem poder deportá-los de imediato, o governo italiano tem abrigado os imigrantes em centros de recepção temporária, enquanto a situação de cada um é avaliada.
A despesa com esses centros, muitos em condições espartanas, atinge a cifra de € 50 milhões por ano para a Itália, o que tem causado protestos entre a população.
A Folha procurou o Ministério do Interior da Itália, responsável pelo tema, para se manifestar. Apesar de vários contatos por e-mail e telefone, não houve resposta até a conclusão desta edição.