Hollande e Merkel levam plano a Putin
Um dia após se reunirem com presidente da Ucrânia, francês e alemã discutem situação da região com líder russo
Líderes concordaram em preparar proposta a ser discutida no domingo entre eles e o presidente Poroshenko
O presidente da França, François Hollande, e a premiê da Alemanha, Angela Merkel, se encontraram em Moscou nesta sexta-feira (6) com Vladimir Putin, presidente da Rússia, para discutir a crise no leste da Ucrânia.
O encontro veio um dia após os líderes ocidentais terem se reunido com o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko.
Após mais de três horas de reunião, os três dirigentes não apresentaram nenhuma proposta, mas concordaram em preparar um plano para encerrar o conflito na região.
Esse plano, que inclui implementar medidas decididas em Minsk (Belarus) em setembro, será discutido neste domingo (8) em um telefonema conjunto que envolverá Merkel, Hollande, Putin e também Poroshenko.
As negociações, porém, foram classificadas como "construtivas e substanciosas" pelo porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"Neste momento, se prepara a redação de um possível documento conjunto, que incluirá as propostas do presidente Petro Poroshenko e as formuladas hoje pelo presidente Vladimir Putin", afirmou Peskov.
O site de Poroshenko informava que na reunião de quinta os líderes concordaram com a necessidade de um rápido cessar-fogo na região, o fechamento da fronteira com a Rússia, a libertação de todos os prisioneiros e a retirada dos armamentos pesados e das forças estrangeiras.
NOVAS LINHAS
Em carta enviada nesta semana a Hollande e a Merkel, o presidente russo apresentou, segundo diplomatas, propostas que incluiriam mudanças nas linhas de cessar-fogo que abrangesse as áreas recém-conquistadas pelos separatistas, além de autonomia política para as regiões de Donetsk e Lugansk.
Um funcionário de um grande país da UE que não quis se identificar disse que Putin teria pouca razão para exortar os rebeldes a recuarem no momento em que estão avançando na região.
"Os separatistas estão no controle de várias áreas e tomando mais territórios. Ele [Putin] pode sentar e esperar que a pressão aumente de forma constante sobre a Ucrânia e sobre seus líderes", disse o funcionário.
O embaixador da Rússia na França, Alexander Orlov, disse à rádio Europe 1 que havia uma necessidade urgente de evitar a guerra. "Eu não diria que este é um último encontro, mas não estamos muito longe", afirmou.
RETIRADA
Em Debaltseve, cidade sob ataque dos separatistas, uma breve trégua foi organizada nesta sexta para a retirada de civis. Ambos os lados enviaram comboios de ônibus. Os do governo partiam cheios para Slaviansk, enquanto os dos rebeldes se dirigiam para Horlivka.
"As duas últimas semanas foram um inferno", disse Artem Nikishin, 31, ao embarcar com a mulher e os dois filhos para Slaviansk, em poder do governo ucraniano. "Esta é nossa propriedade agora", disse, apontando para várias sacolas no chão.