Senado argentino 'racha' por morte de promotor
Oposição cobrou investigação do caso; governistas discutiram reforma da inteligência
A morte misteriosa do promotor Alberto Nisman, encontrado com um tiro na cabeça há quase um mês em seu apartamento, virou tema para mais uma divisão no já conflagrado ambiente político argentino.
Nesta quinta-feira (12), senadores governistas e de oposição ocuparam salas distintas no Congresso. No plenário, os aliados políticos de Cristina Kirchner discutiram a mudança no serviço de inteligência, operação que tenta desviar a atenção pública sobre a morte do promotor.
Em outro salão, a poucos metros dali, a oposição reuniu políticos, promotores e intelectuais em uma audiência pública sobre a morte de Nisman, onde não faltaram críticas ao governo.
Nisman foi encontrado morto um dia antes de apresentar denúncia contra a presidente Cristina Kirchner e aliados por supostamente encobrir responsáveis iranianos pelo atentado à entidade judaica Amia, em 1994.
O evento oposicionista ganhou destaque com a presença da ex-mulher de Nisman, a juíza Sandra Arroyo Salgado. Em sua primeira fala pública desde a morte do promotor, ela defendeu a independência do poder judiciário.
"Vim aqui sem intenção política, não sou governo nem oposição", afirmou, pedindo para que o caso não seja politizado.
"Peço que deixem a Justiça e o Ministério Público trabalharem tranquilos."
A cisão política foi evidenciada pela presidente Cristina Kirchner, que criticou um protesto dos promotores, que vão caminhar em silêncio na próxima quarta-feira (18).
"Nós ficamos com a alegria, eles que fiquem com o silêncio", disse a presidente a uma plateia de militantes, na última quarta-feira (11).
A Justiça ordenou uma nova perícia no apartamento do promotor, nesta sexta-feira (13). Também informou que serão analisados nos próximos dias os computadores e celulares de Nisman.
Também será coletado material genético do técnico em informática Diego Lagomarsino, que admitiu ter emprestado a arma a Nisman.
Segundo a promotoria, foram encontrados vestígios do DNA de uma outra pessoa, do sexo masculino, em uma xícara na casa do promotor.