Países condenam fracasso de trégua no leste da Ucrânia
Para europeus, acordo de paz entre rebeldes e governo de Kiev foi desprezado e deve ser retomado o quanto antes
Presidente ucraniano propõe criação de uma força militar de paz no leste do país e na fronteira com a Rússia
O cessar-fogo no leste ucraniano foi desrespeitado nos últimos dias e deve ser restaurado o quanto antes, acordaram os líderes da Rússia, da Ucrânia, da Alemanha e da França nesta quinta (19).
Apesar disso, foram relatados bombardeios em Debaltseve, Donetsk e regiões próximas a Mariupol, cidade portuária sob controle do governo. Kiev suspeita que os rebeldes planejem um ataque ao local, o que eles negam.
Mais tarde, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, propôs criar uma força de paz --sem a participação de Moscou-- para o leste do país e na fronteira com a Rússia.
Os separatistas rechaçaram a proposta, dizendo que ela é incompatível com o plano de paz assinado no dia 12 de fevereiro, em Minsk.
O mesmo acordo previa uma trégua entre as forças ucranianas e rebeldes a partir de domingo (15).
Porém, na quarta (18), separatistas concluíram a tomada de Debaltseve, entroncamento ferroviário estratégico que liga as áreas rebeldes de Donetsk e Lugansk, em disputa havia três semanas.
O Exército ucraniano foi obrigado a abandonar a cidade --uma das maiores derrotas do governo nos dez meses de conflito, que já deixou mais de 5.600 mortos.
Segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, 13 soldados morreram, 157 foram feridos e 83 desapareceram durante o recuo. Outros 93 foram capturados.
Também estava previsto para ontem o início da retirada de todo armamento pesado de zonas próximas à linha de confronto. No entanto, observadores europeus negaram que isso tenha ocorrido.
Nesta quinta (19), a Rússia reativou os gasodutos da empresa estatal Gazprom que abastecem as zonas separatistas do leste ucraniano.
Segundo o governo de Moscou, a decisão foi tomada por razões humanitárias.
O fornecimento pela estatal ucraniana Naftogaz fora suspenso horas antes e, segundo a empresa, estava ligado a danos nas tubulações durante combates entre forças do governo e milícias.
Após o anúncio da Gazprom, a Naftogaz disse que o governo de Kiev não pagaria pelo gás russo, por não poder monitorar o volume distribuído e o seu uso, e retomou o abastecimento na região.