Houve tortura em suspeitos de matar russo, diz ativista
Militante afirma que acusados pela morte de Boris Nemtsov têm ferimentos
'Há razões e elementos razoáveis para acreditar que confessaram sob tortura', diz conselheiro de direitos humanos
Os suspeitos de terem assassinado o líder opositor russo Boris Nemtsov, em 27 de fevereiro, podem ter confessado sob tortura, afirmou nesta quarta-feira (11) um ativista de direitos humanos que os visitou na cadeia.
Andrei Babushkin, do Conselho Civil de Direitos Humanos da Rússia, disse que Zaur Dadaev, apontado como mentor do crime pelos investigadores, e Anzor Gubashev tinham ferimentos no corpo que sugerem tortura.
"Não podemos confirmar, mas há razões e elementos razoáveis para acreditar que confessaram sob tortura", afirmou o ativista na Rússia. A declaração provocou reação das autoridades locais.
Em nota, o comitê de investigação do caso afirmou que Babushkin e a jornalista que o acompanhou, Eva Merkacheva, extrapolaram a legislação por revelar detalhes do encontro com os presos.
Segundo a Justiça russa, Dadaev, ex-policial da região muçulmana da Tchetchênia, teria confessado o crime no fim de semana dizendo ser uma retaliação a críticas de Nemtsov ao islamismo --o político era, por exemplo, defensor da publicação de caricaturas de Maomé pelo jornal francês "Charlie Hebdo".
Aliados de Nemtsov têm declarado não acreditar na versão dos investigadores.
Para a oposição, ele foi morto devido às críticas ao presidente Vladimir Putin, de quem era adversário político.
Horas antes de morrer, Nemtsov chamou Putin de "mentiroso patológico" em entrevista a uma rádio russa.
Além de Dadaev e Gubashev, outros três homens foram detidos sob suspeita: Shagid Gubashev (irmão de Anzor), Ramzan Bakhashev e Tamerlan Eskerkhanov.
Um sexto suspeito teria morrido em confronto com a polícia.