Opinião
Israel não descarta ação militar contra Irã para evitar ameaça
A melhor saída seria Israel manter ofensiva diplomática contra Teerã e redobrar inteligência para monitorar os iranianos
As declarações do presidente Barack Obama à National Public Radio, na última terça-feira (7), dando a entender que o Irã poderá desenvolver uma bomba nuclear em qualquer momento após a vigência do acordo consumado deixam Israel numa situação bastante desconfortável e reforçam os pontos de vista daqueles que acreditam que o país deve adotar uma ação drástica para evitar uma ameaça, dizem, que paira sobre a sua própria existência.
A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA se esforça para convencer o governo israelense de que Obama, na realidade, foi "mal interpretado" e que o que o presidente pretendia dizer é que, se o acordo não fosse concluído, os iranianos teriam essa capacidade.
Esses esforços para explicar a posição da Casa Branca não convencem os israelenses. Observadores do cenário regional concordam que restam poucas opções ao primeiro-ministro Binyamin Netanyahu para lidar com uma questão considerada como crucial. O premiê israelense não se cansa de repetir que Israel vai agir diante de qualquer situação que o ameace.
Em outras palavras, não está descartada a chamada opção nuclear contra o Irã. O ministro da Defesa de Israel, Moshe Yalon, também declara que o acordo firmado com Teerã "é uma tragédia para todo o resto do mundo". Mas o que ninguém explica, de fato, é o que Israel poderá fazer diante da consumação do acordo.
Se uma solução diplomática aceitável por Jerusalém não for efetivada, Israel poderá inevitavelmente ser forçado à opção militar.
Se decidir pela opção militar, avançam os analistas, Israel deverá considerar seriamente as consequências resultantes dessa escolha:
1) Um bem-sucedido ataque militar às instalações iranianas poderá afetar seriamente o programa nuclear do país, atrasando-o por muitos anos, mas ninguém garante que as capacidades nucleares iranianas venham a ser totalmente eliminadas.
2) Um ataque ao Irã colocaria inevitavelmente Israel em rota de colisão com o P5+1, que está negociando o acordo, e atrairia também críticas e possíveis sanções de outras nações.
3) A ação militar geraria uma reação militar direta do Irã contra Israel, bem como indireta, através dos aliados regionais de Teerã, a saber, o Hizbullah (sul do Líbano e a partir do território sírio conflagrado) e o Hamas (a partir de Gaza e Cisjordânia contra alvos israelenses no Exterior).
A melhor saída, dizem analistas, seria Israel manter a ofensiva diplomática contra Teerã e redobrar esforços de inteligência para monitorar o que iranianos estão produzindo à sombra desse acordo.