Atirador mata 38 em praia na Tunísia
Homem escondeu arma em guarda-sol antes de começar a atirar em turistas e funcionários de balneário de Sousse
Atentado é reivindicado pelo Estado Islâmico, que também se disse autor de ataque quase simultâneo no Kuait
Ao menos 38 pessoas, entre elas vários turistas europeus, foram mortas nesta sexta (26) em Sousse, no litoral da Tunísia, por um homem que havia disfarçado sua arma com um guarda-sol. A ação foi reivindicada pela facção radical Estado Islâmico.
Antes de a milícia se dizer autora do ataque, o Departamento de Estado dos EUA afirmara que não havia prova de que o atentado tivesse ligação com outras duas ações ocorridas no mesmo dia na França e no Kuait --este, também reivindicado pelo EI (leia nesta página).
Os ataques ocorrem três dias após o EI conclamar seguidores ao "martírio" durante o Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos
Segundo o governo tunisiano, a maioria das vítimas é britânica, mas também há alemães, belgas, franceses e outros estrangeiros.
Um turista irlandês afirmou à agência de notícias Reuters que o balneário de Sousse "foi sempre seguro". "Mas hoje foi horrível. Começou na praia e foi ao lobby [do hotel Riu Imperial Marhaba]. [Ele] matou a sangue frio."
O suspeito foi descrito como um homem jovem usando bermuda, semelhante aos demais hóspedes do hotel.
Testemunhas afirmam que o atirador teve tempo de carregar a arma diversas vezes e lançar um explosivo, enquanto turistas buscavam abrigo, até ser morto por policiais.
"Pensei que fossem fogos de artifício, então vi as pessoas correndo", afirmou a turista irlandesa Elizabeth O'Brien, hospedada em um hotel próximo. "Pensei, 'meu Deus, é um tiroteio'. Os garçons e seguranças começaram a gritar: 'Corram!'"
Imagens dos momentos posteriores ao tiroteio mostram médicos utilizando espreguiçadeiras para carregar pessoas com roupas de praia.
O ataque é um dos mais graves contra turistas no Oriente Médio desde um massacre que matou 62 pessoas em 1997 no Egito. É também o segundo grande atentado na Tunísia em quatro meses --em março, terroristas entraram no principal museu do país, o Bardo, em Túnis (capital), e mataram 22, dos quais 21 estrangeiros.
"O país está parado. O Exército está nas ruas, foram montadas barricadas nas principais vias da capital, e ninguém sai nem entra sem passar pela fiscalização", disse à Folha o brasileiro Leandro Jardim, 59, que trabalha há cinco meses como professor em Túnis e não pretende se mudar.
O governo tunisiano disse que fechará 80 mesquitas não supervisionadas pelo Estado por "incitar a violência".
'ANTRO DE FORNICAÇÃO'
O EI usou uma conta no Twitter para reivindicar o atentado. O comunicado diz que o ataque foi cometido pelo "soldado do califado Abu Yahya al Qayrawani".
Os alvos, afirma o texto, eram "sujeitos de Estados da da aliança cruzada que combatem o califado", em uma referência ao território que o EI controla sob a lei islâmica na Síria e no Iraque. Nesta segunda (29), o "califado" completa um ano.
Para o EI, a cidade de Sousse, balneário muito frequentado por estrangeiros, é um "antro de fornicação, vício e apostasia".