Turquia autoriza EUA a usar base contra EI
Decisão, vazada por funcionários do governo americano à imprensa, marca mudança de posição turca no conflito
Com acordo, negociado pelos dois governos, aviões dos EUA poderão decolar de base no sul do país para ataques
A Turquia autorizou que os EUA utilizem uma base estratégica em seu território para realizar ataques aéreos contra a milícia radical Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque, revelaram funcionários do governo Barack Obama à imprensa americana.
A decisão é fruto de um acordo fechado pelos presidentes Obama e Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, durante um telefonema na última quarta-feira (22), depois de meses de negociações e da pressão americana.
A permissão representa uma mudança de posição do governo turco –que resistia a se envolver na luta contra os radicais do EI nos países vizinhos–, e vem após um atentado atribuído à milícia matar 32 pessoas na fronteira com a Síria na última segunda (20).
Antes do acordo, a base de Incirlik –que fica no sul do país, próxima à fronteira com a Síria, e é operada conjuntamente por forças turcas e americanas– não podia ser utilizada como ponto de partida dos aviões da coalizão que bombardeiam a milícia nos países vizinhos. A pista de pouso, porém, já servia a drones (aviões não tripulados).
Segundo o jornal "The New York Times", o acordo permitirá agora que aviões tripulados também decolem da base para realizar ataques contra a milícia radical.
O acordo representa um grande passo para a coalizão liderada pelos EUA, já que, antes, os aviões tinham que usar bases em países do Golfo.
Nenhum dos dois governos havia anunciado o acordo até a conclusão desta edição, mas funcionários do governo americano confirmaram a decisão aos jornais "The Wall Street Journal" e "The New York Times" e à Associated Press.
A Casa Branca apenas afirmou que Obama e Erdogan, no telefonema, concordaram em "aprofundar" a cooperação na luta contra o EI.
"A Turquia é um parceiro fundamental para enfraquecer e derrotar o EI, e agradecemos o apoio essencial que o governo turco oferece à coalizão internacional por meio de várias linhas de atuação", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Alistair Baskey.
TIROS DE TANQUE
A Turquia, que é membro da Otan (aliança militar ocidental), enfrenta uma situação de crescente insegurança em sua fronteira de cerca de 900 km com a Síria.
Nesta quinta, as forças turcas reagiram com tiros de tanque a disparos de militantes do EI depois que um soldado foi morto e outros ficaram feridos em combate na região.
O confronto ocorre três dias após o atentado na fronteira que matou 32 pessoas, algumas delas curdas, desencadeando ondas de violência no sudeste de maioria curda. Em Ancara, manifestantes se reuniram na quinta (23) para condenar a ação atribuída ao EI.
O gabinete do primeiro-ministro emitiu um comunicado dizendo que a Turquia tomará "todas as medidas necessárias" para proteger a segurança nacional após os ataques.