Foco
Negros transformam rap em hino contra racismo nos EUA
No final de julho, ativistas negros protestavam contra a prisão de um menino de 14 anos em Cleveland, Ohio, quando a polícia chegou para reprimir o ato.
Não houve dispersão. A comunidade, que tem traumas por mortes relacionadas a policiais, intensificou o protesto. Começou a cantar o refrão do rap "Alright", de Kendrick Lamar: "Nigga, we gon'be alright / Nigga, we gon'be alright / We gon'be alright / Do you hear me, do you feel me? We gon'be alright"
Em inglês coloquial, quer dizer: "Nego, vai ficar tudo bem. Você me ouve? Você me entende? Vai ficar tudo bem".
Em meio à escalada de conflitos raciais nos EUA, a canção de Lamar, 28, tornou-se uma espécie de hino do movimento. Seu mais novo disco, "To Pimp a Butterfly", lançado em março, foi considerado pela crítica como a melhor produção do rap americano em anos.
O clipe de "Alright" tem imagens poderosas. Na última cena, um policial branco faz um gesto como se estivesse atirando com as mãos contra Lamar, que cai de cima de um poste de luz, sangrando, mas, como se fosse uma revanche, não morre.
O rapper disse ao jornal "The Guardian" que suas músicas são consequência dos conflitos e refletem sua identidade."Está no seu sangue, entende? Porque eu sou Trayvon Martin. Sou todas essas crianças." Trayvon Martin tinha 17 anos quando foi morto em 2012, em Sanford, Flórida, por um segurança que foi inocentado.
"Negros que vivem em certos bairros nos EUA têm mais chances de ir para a prisão do que para a universidade", afirma Tshombe Miles, professor da Universidade da Cidade de Nova York.
Negros são 50% da população carcerária, mas apenas 12% da população total do país, afirma Miles.