Escândalo na Petrobras
'Como brasileiro, sinto vergonha', diz FHC sobre Petrobras
Ex-presidente estimula atos contra corrupção, mas ressalta que 'dever do PSDB e do povo é preservar a democracia'
Derrotado na eleição presidencial, Aécio Neves afirma que existia uma 'estrutura criminosa' na estatal
A nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta (14) pela Polícia Federal, levou os principais integrantes da oposição a fazerem discursos inflamados contra a corrupção na maior estatal do país. Na fala mais contundente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que estava "envergonhado, como brasileiro, de falar sobre o que está acontecendo na Petrobras".
Antes dele, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que perdeu a última eleição presidencial para Dilma Rousseff (PT), disse que havia muita gente "sem dormir" em Brasília, temendo o impacto de novas revelações.
As falas foram feitas em ato promovido pelo PSDB, em São Paulo, para que Aécio pudesse agradecer seus votos no Estado. FHC disse que o país quer "acabar com a ladroagem" e que os que discordam dos "desmandos" do governo "não vão sair das ruas".
"Seremos oposição. Não contra o Brasil. Contra os desmandos daqueles que estão governando. E não vou falar deles. Tenho vergonha, como brasileiro, de dizer o que está acontecendo na Petrobras", afirmou FHC.
Apesar do tom inflamado e da convocação à militância, FHC enviou um duro recado a setores da oposição e da sociedade que flertaram com o saudosismo à ditadura após a reeleição de Dilma.
"É dever nosso, do PSDB, dos partidos coligados, dos que estão em outros partidos e do provo, em primeiro lugar, preservar a democracia e a liberdade", disse.
"Respeitando as regras do jogo, respeitando derrotas e estando sempre disposto, derrotado ou vitorioso, a cumprir a lei", concluiu.
O ex-presidente disse ainda que os "supostos vencedores" estão "atônitos", enquanto o clima da oposição é de vitória. "Vencemos, porque sentimos que trabalhamos pelo país", concluiu.
FHC disse querer ver o que "essa gente" --numa referência a integrantes do governo-- vai fazer para resolver as questões econômicas e institucionais do país. "A situação é bastante séria. (...) Não vamos jogar contra o Brasil, mas vamos evitar que façam gol contra."
Aécio, por sua vez, disse que os desdobramentos da investigação levam o escândalo cada vez mais perto da presidente reeleita.
Segundo ele, "cada vez é mais clara a percepção de que não havia um ato isolado de um ou dois dirigentes, mas uma estrutura" criminosa dentro da Petrobras. A aliados, Aécio tem dito que este tem "potencial para ser o maior escândalo da história, não só do Brasil".