Nem tão branca, nem tão elite
Contador quer intervenção militar "para limpar sujeira"
A insatisfação com a corrupção e o medo de que o Brasil adote o socialismo fazem com que o contador Tiago da Silva, 31, considere a possibilidade de uma intervenção militar no país. "Seria bom a princípio, pelo menos para limpar toda essa sujeira", afirma.
O contador explica que não apoia uma ação imediata das forças armadas, mas confia no Exército para ter um país menos corrupto.
Mesmo sem ter vivido os anos de ditadura militar, o contador garante que leu muito sobre o assunto.
Para ele, o golpe de 1964 foi uma intervenção em defesa da pátria para livrar o país de uma ditadura comunista. "A opressão e o abuso de poder por parte de alguns militares" teriam sido o lado ruim do período.
No domingo passado (15), ele participou pela primeira vez de uma manifestação e diz ter gostado da experiência.
Na avenida Paulista, o rapaz conheceu pessoas que, assim como ele, frequentam a maçonaria.
Fizeram amizade e combinaram de se encontrar no próximo protesto. Para Tiago, os ensinamentos maçons tornam o homem mais justo, cidadão e patriota.
Tiago mora sozinho em uma casa alugada na Penha, zona leste de São Paulo. Ele interrompeu os estudos na adolescência e concluiu o ensino médio aos 22 anos, pelo supletivo.
Técnico em contabilidade, estuda na Universidade São Judas Tadeu, mas não paga mensalidade.
Ele tem 50% de bolsa do Prouni (programa federal que oferece bolsa em universidades privadas) e os outros 50% são financiados pelo Fies, programa do governo federal.
Ele não vê contradição nas críticas que faz ao governo. "Não adianta dar com uma mão e tirar com as duas. A corrupção apaga o mérito desses programas."
Ele crê que o governo federal quer implantar um regime socialista no país. "Se for necessário, dou total apoio para o Exército defender a pátria."