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Nem tão branca, nem tão elite
Economista tucano é contra impeachment e presidencialismo
Em 1975, Osvaldo Batista Santana buscava uma vida melhor e atravessou 1.900 km de Santo Amaro, no sertão baiano, até São Paulo.
No último dia 15, aos 60 anos, deslocou-se por 17 km de sua casa, no bairro do Campo Limpo, até a avenida Paulista para brigar por aquilo que, para ele, faria do Brasil um país melhor.
Nos 40 anos que separam os dois trajetos, Osvaldo formou-se em economia, casou-se, teve três filhos, comprou um apartamento e se filiou ao PSDB em 1989, um ano após sua fundação.
Nesse meio tempo, fez voto útil no PT para a presidência em 1989, "de nariz torcido", na tentativa de evitar a eleição de Fernando Collor. Na Prefeitura de São Paulo, também usou o voto no PT contra Paulo Maluf.
Hoje, é antipetista, inconformado com a situação econômica do país.
"Quem é que não tem pelo menos duas parcelas atrasadas do cartão de crédito?", diz Santana, que trabalha como consultor financeiro. Ele conta que a economia ruim tem afastado os clientes e reclama da dificuldade de pagar as prestações do carro novo.
Santana não defende, no entanto, o impeachment. "O Brasil não aguentaria outro processo depois do impedimento de Collor", diz.
A única coisa que o governo poderia fazer para sair da crise, segundo ele, seria convocar um grupo de "notáveis", intelectuais e especialistas de diferentes partidos políticos, para administrar o país. "O regime ideal é o parlamentarismo. É mais fácil tirar maus governantes."
Apesar de ser tucano de carteirinha, considera o governador Alckmin acomodado na administração do Estado. "A culpa é também do meu partido, que não sabe fazer oposição", diz.
Osvaldo pretende voltar nas próximas manifestações contra o governo federal.
Mas, agora, sem a mulher, Maria de Lourdes Santana. "Se eu fosse ele, já teria desistido. É difícil mudar alguma coisa no Brasil", desabafa sua companheira.