Para Dilma, tucanos tentam 'tirar proveito'
A presidente Dilma Rousseff avaliou nesta segunda (17) que o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), ao sugerir sua renúncia, tentou pegar carona nos protestos contra o governo que ocorreram no dia anterior em todo o país, segundo relato feito à Folha.
Para a presidente, outros tucanos –como os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP)– foram aos protestos pela primeira vez e tentaram, nas palavras de auxiliares, "tirar proveito". Por isso, avalia Dilma, o ex-presidente não quis "ficar para trás". Para um assessor presidencial, FHC "morde e assopra".
Um dia após as manifestações, FHC disse, em sua página no Facebook, que a renúncia seria um "gesto de grandeza" da presidente. Dilma achou "contraditória" a fala, comparada com manifestações anteriores do ex-presidente, mais moderadas.
Foi o mais duro recado já enviado a Dilma pelo tucano. Trata-se de uma tentativa de aproximar o PSDB do sentimento expresso nos atos. Segundo o Datafolha, 66% dos brasileiros querem um processo de impeachment.
O secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres (SP), disse na terça (18) que a fala de FHC deve ser adotada como linha de atuação do partido a partir de agora. Para ele, a defesa da renúncia de Dilma unifica o partido e deve orientar o discurso, inclusive no Congresso, diante da atual crise política.
Na segunda, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), classificou a declaração como um "grave equívoco", "demonstração de ressentimento e inveja" e que revela a "pequenez política" de FHC. Para Costa, o tucano age como "líder de torcida".
O ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro (PTB), também buscou defender Dilma. Ele disse que FHC "desconsidera a legitimidade da qual Dilma é portadora" ao dizer que a renúncia seria "um gesto de grandeza".