Hora do rush
Uber, serviço concorrente ao dos táxis, é envolto em polêmicas e usa práticas controversas para crescer; empresa é a maior start-up do mundo, avaliada em US$ 18 bi
Considerada a start-up de maior valor de mercado no mundo, a Uber, dona de um app de táxi alternativo, explodiu em tamanho nos últimos meses e, com isso, também tornou-se objeto de cada vez mais polêmicas.
Desde abril, quando passou a operar em sua centésima cidade, a empresa mais do que dobrou seu alcance: chegou a um total de 243 municípios de 50 países, adicionando nesse período o Rio, São Paulo, Belo Horizonte e, há duas semanas, Brasília.
No Brasil, sua operação é irregular. Três carros de motoristas da Uber foram apreendidos em São Paulo depois de a fiscalização flagrar os condutores, que contrariam o Código de Trânsito por exercer a atividade de taxista --transporte público individual remunerado-- sem a licença necessária.
"Até que haja uma lei federal para mudar [especificar] a classificação do transporte individual remunerado, eles não conseguirão regulamentar a atividade deles", diz Daniel Telles Ribeiro, diretor do Departamento de Transportes Públicos de São Paulo.
Ribeiro explica que a prefeitura paulistana notificou de maneira extrajudicial a companhia no dia 11 de novembro. Quando essa medida completar um mês, na quinta da semana que vem (11), a secretaria dará início a um processo administrativo que pode se tornar uma ação judicial se a Uber não tomar uma providência, diz ele.
O que a companhia faz é "educar" membros dos Poderes Executivo e Legislativo para tentar a regularização --apesar de a prefeitura dizer que nunca a Uber esteve em contato com a Secretaria Municipal de Transportes. "Só para vir pegar uma cópia do processo", diz Ribeiro.
"É completamente diferente do táxi", diz Guilherme Telles, diretor da Uber no país. "Observamos que o usuário não é o que iria de táxi, mas o que usaria carro e ficaria parado no trânsito. O benefício para a população é imenso."
Segundo o executivo, "muitas variáveis" distinguem a Uber do táxi. Exemplos disso seriam a necessidade de "chamar" um carro necessariamente pelo aplicativo e a impossibilidade de trafegar em faixa exclusiva de ônibus.
CAMINHO TORTUOSO
Em agosto, o concorrente Lyft acusou a Uber de ter solicitado e cancelado 5.500 corridas nos EUA com intuito de sabotá-lo. Há duas semanas, um dos diretores da Uber, Emil Michael, disse que a empresa gastaria "milhões" com uma equipe de investigadores e de jornalistas para "combater" publicidade negativa.
Em junho, um investimento de US$ 1,5 bilhão fez da Uber uma companhia com valor de mercado estimado em US$ 18,2 bilhões. Na semana passada, a agência Bloomberg publicou reportagem em que diz que uma nova injeção de capital está sendo estudada --e levaria a Uber ao patamar de US$ 40 bilhões, valor de mercado superior ao do Twitter e de gigantes de fora do setor tecnológico, como a Kraft Foods.
Para Telles, esse crescimento e as avaliações positivas dos usuários (o índice de aprovação no Brasil é de 97%, segundo ele) comprovam as consequências positivas do app.