Blindagem chega aos carros "populares"
Proteção balística cai de preço e já equipa veículos compactos, mas é preciso ter motor forte para compensar peso
Segundo pesquisa feita por empresas do setor em SP, 73% dos entrevistados pensam em ter um blindado
Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública de São Paulo divulgados no fim de novembro revelam uma queda no roubo de veículos: de 11,1% no Estado e de 12,5% na capital.
No entanto, o número de carros blindados continua a crescer.
Na contagem do Exército Brasileiro -órgão que regulamenta o setor-, somente em São Paulo, até o início de novembro, surgiram 11.513 novos automóveis com proteção balística.
O montante acumulado no período é superior ao volume total de blindagens feitas nos demais estados do país em 2013, quando foram registrados 10.156 carros blindados, segundo dados da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem).
A entidade afirma ainda não ter compilado as informações deste ano.
MAIS ACESSÍVEL
Antonio Donato, diretor da Steel Blindagens, explica uma das consequências do contingente cada vez maior de veículos à prova de bala.
"A demanda crescente por carros blindados levou a um número maior de fabricantes, o que tem como um dos efeitos a redução no preço da blindagem", diz.
Segundo o executivo, é possível encontrar blindagens mais leves por R$ 19 mil -embora a maioria dos clientes opte pela III-A (cerca de R$ 50 mil), capaz de suportar disparos de Magnum.44, uma das pistolas mais poderosas existentes no Brasil.
Outro efeito é a blindagem de carros mais baratos e menores, como fez o engenheiro civil Eugênio Basile, 60, com o Hyundai HB20 da filha.
"Carro blindado dá mais status sim, mas pessoalmente isso não me agrada. Prefiro que não percebam, por isso a escolha de um carro mais popular. Não atrai tantos olhares por ser mais comum", justifica.
Porém, menos caro não quer dizer barato. Um HB20 manual blindado (nível III-A) custa cerca de R$ 90 mil, que é equivalente ao valor cobrado por um sedã médio topo de linha, como o Toyota Corolla Altis (R$ 94.390).
Em alguns bancos, o custo da blindagem pode ser incluído no financiamento do bem.
Segundo pesquisa realizada pela W.Truffi Blindados e a SER Glass, 73% dos 400 entrevistados, moradores da capital paulista e Grande São Paulo, consideram a possibilidade de comprar um carro blindado. E modelos menos luxuosos, outrora distantes da blindagem, parecem se tornar uma tendência.
"Cada vez mais recebemos pedidos de blindagem desse tipo de automóvel", ressalta Claudio Lima, da W.Truffi, referindo-se a Hyundai HB20, VW Fox e Ford Fiesta.
Contudo, é preciso escolher as versões mais potentes dos modelos considerados "populares", pois a proteção eleva o peso do carro em cerca de 150 quilos (nível III-A).
"Não é aconselhável, mas é possível blindar veículos 1.0. Também não recomendamos a instalação em conversíveis", explica Donato.