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21/07/2012 - 05h58

Novo filme de Cao Guimarães acompanha gravidez da mulher

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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Numa sessão de "Andarilho" no Cine Casablanca, em Montevidéu, havia um único espectador além do diretor do filme. Ela era Flor Martínez.

Cao Guimarães não se conteve e abordou a moça no fim da projeção, dizendo que ela perdera a melhor cena quando saiu da sala um instante.

Dois anos depois, Flor está em todos os instantes de "Otto", novo filme de Guimarães, que estreia no sábado (21) em mostra na galeria Nara Roesler. Desde aquele dia, eles se apaixonaram e acabaram tendo um filho, esse "palíndromo" que dá nome à obra.

Divulgação
Cena de "Otto", novo filme do artista Cao Guimarães
Cena de "Otto", novo filme do artista Cao Guimarães

Não por acaso, o filme abre com cenas do mar em Montevidéu, um horizonte opaco, de silêncios arrebatadores, elementos que costumam figurar no trabalho do artista.

"É um filme de amor, tem a simplicidade de um gesto", diz Guimarães. "Foi feito como um diário filmado, acompanhando a gravidez da minha mulher, mas não podia ser só uma carta de amor, então tem essa força de um acontecimento comum a todos, que é o nascimento."

Metáforas visuais para a fecundação, como manchas no mar que se misturam criando outras formas, sublinham parte desse relato amoroso.

Mas a força de "Otto" está numa costura hábil de tempos mortos, seu olhar fissurado em Flor e seus momentos de tédio, descanso e deslumbramento, além das transformações do corpo durante a gravidez, vistas com sutileza.

Longe de um documentário, "Otto" atinge o efeito de diário visual, misturando cenas em Montevidéu, Istambul e uma Belo Horizonte chuvosa, onde moram.

Água, aliás, é um elemento recorrente. Do canal de Bósforo às tempestades de verão, passando pelos banhos de Flor e a amplidão esgarçada do mar no Uruguai.

Guimarães lembra que numa viagem a Montevidéu há 25 anos escreveu um poema citando o verso de Gertrude Stein que diz "uma rosa é uma rosa é uma rosa". E lá mesmo ele encontrou Flor.

Num paralelo à coincidência, Otto, nome de seu filho, é tão simétrico quanto a estrutura do filme, que começa e termina no mesmo ponto, sua ideia de ciclo da vida.

CAO GUIMARÃES
QUANDO: abre no sábado, às 11h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h; até 25/8
ONDE: Nara Roesler (av. Europa, 655, tel. 0/xx/11/3063-2344)
QUANDO: grátis

 

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