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Crítica: Festival de Campos do Jordão termina com celebração jovem
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SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA
Havia muita gente jovem no encerramento da programação do Festival de Inverno de Campos do Jordão na Sala São Paulo. Alegria e naturalidade pareciam empurrar para longe os tempos dos concertos pesados prestigiados por uma pequena elite.
Esse novo público não estranha os nomes dos compositores e nem se perde quando um movimento dura vinte minutos.
O exemplo de juventude vinha de todos os lados -inclusive do palco, já que a Orquestra Jovem da Colômbia reúne músicos entre 16 e 24 anos de todas as regiões do país.
É mais um projeto que está dando certo e que ajuda a mudar a cara da América do Sul, a exemplo do pioneiro Sistema venezuelano (já aclimatado na Bahia) e da Sinfônica Heliópolis, sediada em São Paulo.
O rigor musical unifica esses trabalhos. Há leveza, há mesmo fidelidade às tradições populares --como na festa do bis, com direito a dança, coreografia e percussão caribenha--, mas o que conta é a competência artística, sem barganhas.
Cliff Watts | ||
A violinista Sarah Chang, que se apresentou com a Orquestra Jovem da Colômbia |
No domingo o programa teve também uma jovem solista --a violinista norte-americana Sarah Chang-- e um regente inesperado, já que o paulista Cláudio Cruz assumiu o lugar do colombiano Alejandro Posada, anteriormente anunciado.
Sarah Chang encantou a todos no "Concerto para Violino", do finlandês Jean Sibelius (1865-1957), mas, apesar dos pedidos, foi embora sem bis. Chang alterna as mudanças súbitas de caráter propostas pela obra com muita fluência, e mantém o som sempre projetado.
Quem ouviu, entretanto, a mesma obra em maio passado com Jennifer Koh --outra americana de família coreana-- e a Osesp, não esquece a clareza absoluta nas passagens rápidas nem o vibrato preciso nas dissonâncias interrompidas do adágio.
A orquestra ficou mais exposta na segunda parte, sobretudo na abertura "Romeu e Julieta", de Tchaikovsky (1840-93). Tudo é transparente, e não é mesmo fácil timbrar os ataques das madeiras.
Cheio de efeitos --mas bem menos interessante musicalmente-- é o "Capriccio Espagnol", de Rimsky-Korsakov (1844-1908), nacionalista russo que exige tanto dos solistas de cada naipe como das fusões do todo.
Os colombianos tocaram bem, também por causa de Cláudio Cruz: aos 45 anos -23 deles como spalla da Osesp-, o atual regente da Orquestra Sinfônica Jovem do Estado alia técnica, energia e fantasia, como se tivesse diante de si um enorme violino.
OBRAS DE SIBELIUS, TCHAIKOVSKY E RIMSKY-KORSAKOV
Sarah Chang e Orquestra Jovem da Colômbia regida por Cláudio Cruz
AVALIAÇÃO: bom
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