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Crítica: Diretora conduz personagem em rota silenciosa de sexo compulsivo
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THALES DE MENEZES
EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"
Quarto longa da holandesa Nanouk Leopold e primeiro com distribuição internacional, "Movimento Browniano" é um atestado da influência de Ingmar Bergman em seu estilo de filmar.
Como o cineasta sueco, ela trabalha com o silêncio, em longas sequências com os personagens quase imóveis. A maior surpresa é que isso não deixa o filme tedioso.
O enquadramento impecável das cenas, com câmeras usadas em inusitados planos bem abertos, leva o espectador a apreciar o filme como belos slides fotográficos.
Mas há um enredo denso em "Movimento Browniano". Colocado no papel, na limitação das palavras, o roteiro pode sugerir uma obra completamente diferente.
A alemã Charlotte, médica bem-sucedida, casada e com um filho pequeno, vive em Bruxelas. Aluga um apartamento e lá recebe muitos pacientes para transar.
Ao se deparar com um deles num lugar diferente do hospital ou do apartamento, surta, com reação agressiva. Descoberta a traição da mulher, seu marido aceita fazer terapia de casal.
Divulgação | ||
Sanda Hüller é a protagonista de "Movimento Browniano" |
O sexo é filmado sem apelo plástico. Nudez total de corpos nada atraentes. Fica a impressão que Charlotte só gosta de homens feios.
A narrativa é fragmentada. Transas são mostradas principalmente no "antes" e no "depois". O "durante" é breve e, às vezes, desagradável.
Nas sessões de análise, o que mais se vê é Charlotte entrando ou saindo do consultório. As conversas dela com o marido são mostradas em trechos mínimos.
O ritmo da narrativa é dado pela alternância de duas imagens básicas: tomadas amplas, de composições visuais deslumbrantes, e outras fechadas no rosto da ótima atriz Sandra Hüller.
Ela é a face de um enigma. O espectador se apega a cada mudança de sua expressão para entender o comportamento sexual compulsivo de uma mulher tão plácida.
Esperar respostas claras de um filme quase experimental não é algo aconselhável.
O movimento browniano do título é tirado da bioquímica. Não há esforço algum no roteiro para relacioná-lo com a história.
Trata-se do movimento aleatório de partículas macroscópicas imersas em fluido, estudado pelo biólogo escocês Robert Brown no século 19.
Como seu título, "Movimento Browniano" permanecerá um filme difícil de entender. Mas é uma experiência visual instigante.
MOVIMENTO BROWNIANO
PRODUÇÃO Holanda, 2010
DIREÇÃO Nanouk Leopold
ONDE Reserva Cultural
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO bom
+ CANAIS
+NOTÍCIAS EM ILUSTRADA
+ Livraria
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